Vinte anos depois de abrir a primeira loja da grife italiana Max Mara na capital paulista, a empresária Angelika Winkler reestrutura a operação. Juntou suas duas lojas pequenas, nos Jardins e no Shopping Iguatemi, em um espaço de 300 metros quadrados no próprio Iguatemi.
“Sou destemida”, diz a empresária, de 70 anos, ao reconhecer o momento econômico pouco favorável a um investimento de R$ 15,6 milhões, que contempla os gastos com a loja e estoque de produtos, com um pequeno aporte da matriz italiana.
A loja, a maior da grife na América do Sul, foi aberta em dezembro e está sendo inaugurada oficialmente neste mês de junho com uma exposição de fotógrafos brasileiros e estrangeiros. “Tenho muita esperança”, continua, “jamais faria esse negócio se não acreditasse. Mas a verdade é que as marcas de luxo estão perdendo clientela no Brasil. A classe alta continua, mas a média alta achatou bastante. O mercado encolheu. Há cinco anos eu pensava abrir em Recife e Brasília, mas tá tudo congelado. Precisamos de um respiro”.
Representante oficial da Max Mara no Brasil (há uma franquia em Curitiba), Angelika importa os produtos da Itália. A Max Mara foi fundada na Emília-Romanha, norte da Itália, em 1951, e segue capitaneada pela família Maramotti.
A primeira fase brasileira, diz Angelika, “foi de céu de brigadeiro”. Da abertura, em 1998, até 2004 “vendia como pão quente”. Depois, as oscilações do câmbio somadas à concorrência de outras marcas nacionais mudaram o cenário.
No mundo da moda, Angelika é veterana. Foi quem abriu a Biba Barbarella, nos Jardins, em 1975. Na época, importava artigos de moda da Inglaterra e da Itália. A Fiorucci esteve em suas mãos até começar a ser fabricada no Brasil sob direção de Glória Kalil. A Daslu, na fase anterior a Eliana Tranchesi, quando era a butique das Lu (Lúcia e Lurdes) também foi sua cliente de atacado.
Seu próximo passo, dez anos depois, foi a multimarcas K&C (Kent & Curven), que na Inglaterra faz roupas tradicionais para esportes como críquete, tênis e vela. “Eles vestiam também o pessoal de Wimbledon e a familia real. Tínhamos uma coleção espetacular de gravatas”, lembra.
Versace, Kenzo, Burberry, Paul Smith, Ermenegildo Zegna e vários outros passaram por sua loja. Convidada a abrir a representação da francesa Céline, que até hoje não está no Brasil, declinou. Achou que não havia mercado para a marca, além dos acessórios (bolsas, carteiras e pequenos presentes).
Quando deparou com a Max Mara, marca de preços mais democráticos no mundo do luxo, pensou: “Essa sim, tem a linguagem do Terceiro Milênio e tudo para dar certo no Brasil”. O Grupo Max Mara possui 41 empresas e está presente em 105 países.
A nova loja, no Iguatemi, possui nove linhas de produtos com preços diversos, mas sempre elevados. O mais barato são as camisetas (R$ 740) e os óculos (R$ 800). O preço das bolsas varia de R$ 6 mil a R$ 9 mil e dos casacos, R$ 6 mil a R$ 20 mil. Todos os mantôs são feitos com lãs naturais. O de lã de camelo, uma das identidades da marca, tem fio produzido no norte da África, só com a primeira tosa.
Uma nova fase da Max Mara será iniciada em breve com a entrada na plataforma de comércio eletrônico do Grupo Iguatemi, o Iguatemi 365. Por enquanto, as outras cidades brasileiras compram no esquema “delivery” via divulgação das roupas no Facebook e Instagram. Se a economia melhorar, o desejo de Angelika é abrir uma loja com a etiqueta Weekend – linha mais acessível e jovem da Max Mara.
A empresária também é dona da etiqueta Marina Rinaldi, do grupo Max Mara, com uma loja em São Paulo, a única entre as importadas no Brasil destinada ao público “plus size”.
Fonte: Valor Econômico