O varejo de material de construção teve crescimento de 5% no mês de setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Na relação setembro sobre agosto de 2016, no entanto, o setor apresentou queda de 5%, segundo pesquisa mensal da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção). Realizado pelo Instituto de Pesquisas da Anamaco, com o apoio da Abrafati, Instituto Crisotila Brasil, Anfacer e Siamfesp, o estudo ouviu 530 lojistas de todas as regiões do país entre os dias 27 a 30 de setembro. A margem de erro é de 4,3%.
De acordo com a pesquisa, no acumulado do ano, o setor apresenta queda de 8%, mesma retração apresentada nos últimos 12 meses. “Os números demonstram que, nos últimos cinco meses (maio a setembro), tivemos um desempenho levemente superior ao mesmo período de 2015. Apesar disso, setembro sobre agosto não confirmou a expectativa de crescimento. Até o dia 20 de setembro, as vendas vinham se mantendo bem atraentes, mas provavelmente o efeito ‘eleições’ pode ter contribuído para uma queda nos últimos 10 dias do mês, o que não é normal”, declara Cláudio Conz, presidente da Anamaco, explicando que o consumidor tende a frear investimentos em épocas de decisões importantes.
Conz também lembra que o setor ainda sofre os efeitos da alta dos juros e da falta de crédito ao consumidor. “Até o mês passado, a inflação de materiais de construção estava acumulada em 2,7% no ano. Estamos trabalhando esses assuntos junto ao Governo Federal, pedindo mais ações de incentivo ao nosso setor e condições para que possamos criar novas vagas de emprego. Essas medidas, no entanto, mesmo que tomadas em caráter emergencial, não têm impacto imediato e só devem ter reflexos no varejo nos próximos 60 dias”, explica.
Segundo o estudo da Anamaco, a queda apresentada em setembro ocorreu principalmente nas regiões Sul, Centro-Oeste (-15%), e Nordeste (-10%). Já o Norte não apresentou queda ou aumento de volume de vendas no mês, mas o Sudeste registrou uma pequena recuperação em relação ao mês anterior (+3%).
Dentre as categorias pesquisadas, tintas foi a que teve maior retração (-4%), seguida por revestimentos cerâmicos, metais sanitários e telhas de fibrocimento (com -2% cada). Fechaduras e ferragens, louças e aço, por sua vez, tiveram desempenho estável. “É importante ressaltar, no entanto, que a maior parte das categorias apresentou patamares de vendas superiores aos resultados apresentados no mesmo período de 2015. Por isso, a expectativa de 71% dos lojistas entrevistados para outubro é de crescimento em quase todas as categorias avaliadas”, diz Conz.
Em outubro, também aumentou, de 54% para 59%, o otimismo do setor sobre as ações do Governo nos próximos 12 meses, com reflexos na pretensão de novos investimentos no período, que subiu de 37% para 43%. Já a intenção de contratar novos funcionários cresceu nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste, mas retraiu no Sul.
Por conta do desempenho em setembro, a Anamaco precisou rever a expectativa do setor em 2016. “Ainda em função da baixa performance que tivemos nos meses de janeiro a abril, e também por setembro ter ficado abaixo do esperado, tivemos que alterar nossas projeções para 2016 e prevemos que fecharemos o ano com queda ou desempenho similar ao apresentado em 2015, quando tivemos um faturamento de R$ 115 bilhões”, afirma o presidente da Anamaco.