A varejista de moda Marisa estuda o formato ideal para expandir a venda de perfumes e cosméticos em suas lojas — hoje restrita a um projeto piloto em 40 de suas 355 lojas. Uma alternativa é fazer uma parceria nos moldes da que começou a vigorar recentemente com o Magazine Luiza, que instalou quiosques dentro de cinco lojas da rede de vestuário para a oferecer smartphones e outros eletrônicos ao consumidor.
Segundo Marcelo Pimentel, presidente da Marisa, são avaliados alguns formatos para operação com perfumes e cosméticos: totalmente própria — como no projeto piloto iniciado em 2018, em parceria com uma marca especializada —, ou via acordo com um terceiro que comercialize diversas marcas. A definição deve ocorrer antes do segundo semestre de 2020.
Pimentel disse que o formato mais interessante é o de multimarcas, porque permite aos clientes escolher os produtos que mais lhes agradam. Enquanto pensa no melhor sistema, a rede fez parceria com a Jequiti, do Grupo Silvio Santos, na semana passada, para vender maquiagem, fragrância e produtos para o corpo. Esses itens ficam dispostos nas áreas de fila dos caixas de 216 lojas.
Segundo o executivo, fazer parcerias com redes especializadas é uma saída para manter o foco na operação de vestuário. No terceiro trimestre, a Marisa aumentou o prejuízo em 43%, em base anual, para R$ 76 milhões. O resultado teve o efeito negativo de R$ 4,3 milhões da aplicação da norma contábil IFRS 16. A receita líquida cresceu 1,6%, para R$ 697,5 milhões.
Para 2019, as expectativas são positivas, considerando que este é o primeiro ano de recuperação, após quatro anos de dificuldades, disse Pimentel. As vendas no critério mesmas lojas, que considera unidades abertas há 12 meses, devem crescer 5%.
Entre as concorrentes no varejo de moda, a Renner é a mais antiga na venda de perfumes e cosméticos. Começou há mais de duas décadas, com a maior parte do portfólio composto por marcas internacionais. A Renner está entre as principais vendedoras de perfumes importados do país, mas não revela a participação desses produtos na receita.
A Riachuelo iniciou a venda desses itens há dois anos em uma área especial nas lojas. Na época, fez aporte de R$ 40 milhões para criar o espaço em 111 unidades em quatro meses. A empresa informou que a margem bruta consolidada de mercadorias no terceiro trimestre caiu 1,8 ponto percentual, a 49,8%, impactada por maior participação de celular e perfume.
Neste ano, Pernambucanas e C&A também investiram na categoria. A varejista brasileira criou, em agosto, o “Espaço Beleza”, em parceria com a Avon, que chegará a 45 quiosques de 374 lojas. Neste mês, também fez acordo com a Jequiti para 30 pontos, inicialmente, sem sobreposição das marcas. Em 2020, a expansão será com as duas empresas.
A parceria da Pernambucanas com a Jequiti também envolve a venda do Carnê do Baú da Felicidade Jequiti. Inclui ainda o recebimento dos pagamentos das parcelas, o depósito de cupons e o resgate em produtos da marca de cosméticos em todos os estabelecimentos da varejista.
A holandesa C&A planeja uma expansão mais comedida, mas com foco nas marcas importadas. Em maio, abriu espaços em shoppings como Interlagos, Center Norte, Aricanduva e Ibirapuera.
No fim de outubro, assinou com a Sephora para abrir um quiosque na loja do Iguatemi São Paulo. A expansão desse formato ainda é avaliada.
Dados da Segmenta, empresa de pesquisa que acompanha o mercado de perfumaria e cosméticos, indicam que as vendas dos produtos importados movimentaram R$ 2 bilhões no varejo em 2018, aumento de 11,5% ante o ano anterior. Para este ano, a projeção é que as vendas alcancem R$ 2,2 bilhões.
Fonte: Valor Econômico