Por Ana Luiza de Carvalho | A Marisa Lojas espera um terceiro trimestre com alta nas vendas, além de demonstrações financeiras mais saudáveis com um controle de despesas rigoroso. A companhia promoveu teleconferência de resultados do segundo trimestre nesta quinta-feira.
O diretor-presidente da Marisa, João Pinheiro, destacou que o plano de fechamento de lojas já se encerrou e que o foco agora é na melhoria de rentabilidade das unidades. “Claro que se for necessário fechar uma ou outra loja, não está proibido”, afirmou. De acordo com a diretoria, não serão mais toleradas lojas com baixa produtividade.
A Marisa aponta que 88 lojas encerraram suas atividades no primeiro semestre deste ano, o que representou uma redução de R$ 35 milhões em despesas de pessoas e gerais. O diretor-presidente destacou ainda que, após cinco anos sem gerar caixa, a companhia registrou no segundo trimestre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 53 milhões, no critério pró-forma.
Questionado por analistas de mercado sobre a atuação de varejistas internacionais no comércio eletrônico, Pinheiro afirmou que a companhia estima perda de participação de mercado de aproximadamente 15% com o fortalecimento de concorrentes, como Shein.
Segundo ele, a Marisa sente os impactos da concorrência do comércio eletrônico internacional há cerca de três anos. “Estamos sobrevivendo, claro que a custa de desemprego”, afirmou. Ainda segundo Pinheiro, a situação não pode se prolongar, pois “concorrência desleal não é uma coisa muito compatível com o capitalismo e o liberalismo”.
Para o diretor-presidente, as operações de fusão e aquisição no varejo de moda não devem ser uma primeira opção para fortalecer as operações. “Existem alavancas mais importantes do que consolidação no setor. As empresas ainda precisam se posicionar e se arrumar internamente”, afirmou.
O prejuízo líquido consolidado da Marisa alcançou R$ 63,4 milhões, alta de 82% em relação ao prejuízo do mesmo trimestre de 2022. A receita líquida caiu 25% no comparativo anual, para R$ 555 milhões.
‘Tivemos de lidar com ‘situação delicada no braço financeiro Mbank’
A rede de moda destaca que as operações financeiras do MBank indicam uma trajetória de recuperação, com novos aportes sendo realizados.
Pinheiro afirmou que o Mbank passou por “uma situação delicada” recentemente, com destaque para os altos níveis de inadimplência. No segundo trimestre, houve redução de 34% das perdas líquidas e a margem de contribuição ficou estável no comparativo anual.
De acordo com o executivo, a companhia contou com o auxílio do Banco Central para promover um plano de reestruturação do braço financeiro, que demandou um aporte dos acionistas controladores.
Uma nova capitalização de R$ 30 milhões está prevista, com recursos próprios da Marisa e sem aporte dos controladores.
Pinheiro afirma ainda que a companhia “vem pagando religiosamente” todos os bancos com quem tinha dívida de curto prazo.
Fonte: Valor Econômico