Aumento de 13,4% nas vendas em 2016 reforça o sucesso das marcas próprias no mercado; Entre as razões, estão o preço baixo em relação à concorrência e a melhora na qualidade dos produtos
Os produtos de marcas próprias começaram a ser vendidos nos supermercados brasileiros na década de 1970, com a proposta de competir, a preços menores, com aqueles de marcas mais conhecidas. Até hoje essa característica permanece, mas além da questão financeira, os produtos de marca própria passaram a apresentar maior qualidade e, assim, atraem novos perfis de consumidores.
De acordo com a Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (ABMAPRO), os produtos de marca própria podem ser 20% mais baratos que os concorrentes. Dados da Kantar Worldpanel, empresa especializada em comportamento de consumo, mostram que em 2017 esses itens estiveram presentes em mais de 32 milhões de casas brasileiras, e representaram um aumento de 68% em relação à 2010.
Crise econômica aumenta vendas
Um dos fatores que pode ter contribuído para esse crescimento é a crise econômica no Brasil, cenário que faz com que os consumidores diminuam os gastos. Neste contexto, os produtos mais caros dão lugar aos de marca própria nos carrinhos, fortalecidos pela confiança e credibilidade do supermercado que estampa as embalagens.
Apesar de estar cada vez mais presente na casa dos brasileiros, alguns consumidores ainda têm resistência aos produtos de marca própria, principalmente pela suspeita da qualidade. Com a mudança de comportamento e a chegada da geração Millennial, em busca de saúde, bem-estar e sustentabilidade, algumas empresas supermercadistas já investem em marcas próprias “premium” – exatamente de olho nesses consumidores.
O sucesso das marcas próprias só fez crescer desde a chegada ao Brasil. Dados da Nielsen mostram que, de 2003 para 2015, o faturamento desse segmento saltou de R$ 1,3 bilhão para R$ 4,3 bilhões.
Fatores que justificam sucesso
Como é possível criar produtos de marca própria de qualidade e vendê-los por preços mais baixos que o das grandes empresas? O segredo dos varejistas que investem nesse tipo de produto passa pela isenção de gastos com publicidade e com o ponto de venda.
Enquanto as marcas mais tradicionais do mercado precisam investir em propaganda dos produtos e no ponto de venda em que serão expostas (como a inserção da margem de lucro do supermercadista no preço final de um produto), os de marca própria não necessitam desse investimento.
Outro fator que contribui para o crescimento desses itens na lista de compra dos brasileiros é que, após quebrarem a barreira e adquirirem produtos de marca própria, os clientes passam a optar por eles, reconhecendo a qualidade e vantagem do preço baixo.
Parceria com indústria
Vale lembrar que todo esse sucesso das marcas próprias não significa que as indústrias de grandes marcas do varejo diminuam a produção. Mesmo porque os produtos com a marca do supermercadista são fabricados pelos fornecedores parceiros, que também produzem os produtos concorrentes nas gôndolas dos supermercados.
Desta forma, ganha o supermercadista ao vender produtos próprios e de qualidade, assim como a indústria, que consegue manter o parque industrial em atividade e evita que as redes varejistas entrem no ramo da indústria e se transformem em concorrentes nesta operação.
Fonte: Apas