Se contados os últimos dez anos, o setor mostra crescimento constante – em 2000 eram 15 franqueadoras brasileiras no exterior, em 2010 somavam 65. De acordo com o presidente da ABF, André Friedheim, o aumento está relacionado não só ao sucesso das marcas nacionais lá fora, mas também ao amadurecimento das franquias. “Os franqueadores brasileiros estão mais maduros, estruturados, mais capitalizados. Ganharam experiência, porte e relevância no franqueamento nacional. Isso ajuda na expansão internacional.”
A captura de novos mercados, o desejo de aumentar o valor da marca e a saturação do mercado nacional são alguns dos fatores apontados por franqueadores que optaram pela internacionalização, além de poderem explorar mercados que não oferecem determinado produto ou serviço.
Entre os segmentos mais representativos, segundo o estudo, estão moda, em primeiro lugar, com 35 marcas; saúde, beleza e bem-estar, na sequência, com 32; e alimentação, com 25. Entre os destinos, os Estados Unidos seguem em primeiro lugar na preferência das empresas, com 67 redes brasileiras. Portugal vem em segundo, com 44, e Paraguai em terceiro, com 36.
A marca baiana de cosméticos e bem-estar Avatim resolveu apostar no mercado europeu e começou o plano de internacionalização em 2017, com a instalação de uma distribuidora no continente, focada em Espanha e Portugal. No segundo semestre deste ano, a marca, que tem 154 unidades no Brasil, deve inaugurar sua primeira franquia em Madri e outras cinco no México.
A sócio-fundadora Mônica Burgos explica que a estratégia mira os concorrentes, que priorizam matéria-prima de origem oriental, francesa ou africana, como o karitê. Já a Avatim utiliza produtos originários da Amazônia, como cupuaçu. “A Europa não tem marca produzindo com ativos amazônicos”, conta Mônica.
Planejamento desde o começo
O processo para internacionalização começa antes de a empresa cogitar a ideia e permanece até ela estar de fato inserida em outro país. O Guia de Internacionalização do Franchising, produzido pelo Sebrae e pela ABF, mostra como se dá esse processo e destaca a necessidade de planejamento.
Para o presidente da ABF, André Friedheim, a internacionalização não pode estar baseada em oportunidade momentânea, como o pedido de uma pessoa que queira distribuir o seu produto em outro país. “Não adianta fazer esse processo se não houver estrutura e planejamento.”
Para a expansão, é preciso pensar em tamanho de mercado, renda per capita dos habitantes do país, hábitos de consumo, características de shoppings e pontos comerciais, tarifas, entre outros. Segundo Friedheim, o principal desafio é entender a adesão no mercado internacional. “É preciso entender se tem mercado para o meu produto, se tem aderência.”
Ao iniciar seu projeto de internacionalização, a marca de bolos Sodiê Doces passou por um período de muitos estudos sobre matérias-primas disponíveis nos Estados Unidos e como seria o processo de exportação. O creme de leite, por exemplo, foi enviado por container do Brasil, para a abertura da primeira franquia, em Orlando, em 2019. Agora, a marca se prepara para abrir a segunda franquia em Nova York, neste ano.
A fundadora da Sodiê, Cleusa Maria, conta que algumas mudanças foram importantes para que a franquia conseguisse se manter no mercado americano. Ao mesmo tempo que as 314 unidades brasileiras contam com mais de 100 opções de bolo no cardápio, as americanas têm entre 40 e 50 opções, incluindo sabores adaptados ao paladar dos norte-americanos.
Fonte: Estadão