Crédito em banco, investimento de novos sócios e empréstimo de familiares e amigos são algumas das opções para empresas que querem expandir. Há, no entanto, uma via alternativa: o franqueamento. Transformar a empresa em rede franqueadora tem ajudado empresários baianos a ampliar os negócios sem gastar muito e com segurança, já que investimento e risco são assumidos pelos franqueados.
Dono da rede de restaurantes de Salvador Companhia do Churrasco, André Szporer optou pelo franqueamento há sete anos para ter unidades fora da Bahia. Deu certo. Hoje, ele possui lojas em 11 estados e em breve vai inaugurar uma nova no Amapá. Em todo o país, André tem 30 unidades, sendo 22 franqueadas e oito próprias, todas em Salvador. Para buscar mais investidores, ele expôs na semana passada na ABF Expo, feira da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
O empresário conta que se aproximou do mundo das franquias como franqueado do fast-food de comida árabe Habib’s e que teve ajuda de uma consultoria para franquear a marca de churrascarias.
“A gestão de uma rede franqueadora é totalmente diferente da de uma rede de restaurantes. Temos que pensar o negócio de maneira globalizada, num conceito novo”, afirma Szporer, que abriu há dois anos uma nova rede de franquias, a Grilla – Sanduíche de Churrasco.
Para a sócia da empresa de cosméticos de Ilhéus Avatim, Mônica Burgos, o franqueamento exige dois fatores principais: a criação de regras e a padronização. A primeira loja da Avatim foi aberta em 2009, depois de sete anos da fundação da marca. Era uma loja-modelo que servia de vitrine para a venda porta a porta, o forte da empresa na época.
“A franquia surgiu como pedido dos nossos revendedores e distribuidores, que se encantaram com o espaço e queriam ter essa possibilidade também”, lembra Mônica.
Desde 2010, foram abertos 59 pontos de venda em 17 estados. Antes de colocar a marca na mão de outros empresários, no entanto, Mônica fez um curso de franqueamento. “É um perfil de negócio que tem a receita certa. É uma forma fácil de expandir porque temos essa segurança”.
Franqueadoras na Bahia
Além das empresas de André e Mônica, a Bahia tem 50 redes franqueadoras, o que representa 1,7% de todas as marcas brasileiras. O percentual é pequeno se comparado ao de outros estados. São Paulo, líder em número de redes no país, representa 53,3%, e Pernambuco, que aparece no topo do ranking do Nordeste, 2,2%.
Apesar disso, o setor de franquias na Bahia cresce acima da média nacional. Enquanto o Brasil teve uma expansão de 8,3% no ano passado – abaixo da inflação, de 10,67% -, as unidades de franquia na Bahia tiveram desempenho 13,5% superior em 2015 em relação a 2014.
Para a ABF, os dados demonstram uma resiliência do setor ante a crise e uma força da Bahia, que ainda tem muitos municípios a serem explorados por redes de franquias.
Perfil de franqueador
Para os baianos que querem ampliar as empresas com franqueados, a ABF faz alguns alertas. Segundo a presidente da organização, Cristina Franco, o empresário precisa saber se tem perfil de franqueador.
“É uma gestão de negócio participativa, para quem topa compartilhar. Se sua definição de vida e de modelo de negócio é muito centralizador, você fatalmente não irá se identificar no franchising”, afirma a executiva.
O diretor da ABF André Friedheim orienta que redes que querem se franquear devem estar em mercados crescentes e que sejam “perenes”, ou seja, não sigam tendências passageiras. “O franqueador e o franqueado têm que ganhar dinheiro com a operação. Senão, vai ser um voo muito curto”, afirma Friedheim.
Gestão e desafios
Tanto Mônica, da Avatim, quanto Szporer, da Companhia do Churrasco, precisaram aprender a gerir franquias e enfrentaram desafios nesse caminho. “A parte mais difícil é manter o nível de qualidade nesse formato padronizado. Criar ferramentas para administrar o capital dos investidores que nos procuram também é uma grande responsabilidade”, afirma Mônica.
Depois de oito anos gerindo negócios próprios, Szporer teve de aprender a ouvir sugestões e críticas de empresários sobre sua marca. “A gente ouve todas as ideias e testa a maioria”, conta. Para fazer o teste, o empresário usa as lojas próprias, em Salvador. A Avatim possui 15 unidades não franqueadas, incluindo as que estão em processo de montagem.