Franqueadores alegam que mercado é menos arriscado para investimento, mas é preciso dedicação. Apesar de margem pequena de falência, negócios podem ter problemas se não receberem a atenção devida. Rio de Janeiro é o estado que mais expandiu.
Após 16 anos trabalhando como secretária, Janaína Motta, de 35 anos, precisou se reinventar. Demitida por causa da crise, a mãe de três filhos ficou com medo de não conseguir um novo emprego com o mesmo salário e resolveu investir o dinheiro de sua rescisão em uma franquia que oferece serviços de diaristas. Há sete meses atuando como empresária, ela afirmou que ficou surpresa ao perceber os bons rendimentos do seu novo negócio.
“Tem me dado um retorno tão bom e em três meses de empresa eu já pagava as minhas obrigações. Atingi o que chamamos de ponto de equilíbrio. E desde que abri nenhum mês tem sido como o outro. Só tem sido melhor e melhor”, disse.
Janaína faz parte de uma rede de novos franqueados que fez com que o setor expandisse 7,9% no primeiro semestre desse ano, em relação ao do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Franchising. Ainda de acordo com a entidade, o faturamento do setor em 2016 deve ser em torno de R$ 150 bilhões. Os mercados que mais expandem são no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, nos segmentos de alimentação; Esporte, saúde, beleza e Lazer; e vestuário.
O presidente da ABF Rio, Beto Filho, acredita que a franquia é um mercado menos arriscado para o investidor. Ele pode escolher em qual marca investir, que geralmente vai ser uma já consagrada e conhecida pelo mercado, além de ter dados privilegiados sobre o segmento e suporte do franqueador. Beto Filho contou que atualmente existem franquias que têm o valor inicial de investimento de R$ 3 mil a R$ 10 milhões.
“Hoje nós temos um cardápio, uma variedade de franquias que são marcas desde microfranquias que custam R$ 3 mil para montar a franquia até R$ 10 milhões. Isso em toda cadeira econômica, na área de vestuário, fast-food, coisas novas como a área hoteleira, de seguros, hospitalar”, contou.
Bruno Zanetti é dono da Mordidela, uma rede de franquias de alimentação, desde 2014, que nasceu em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Ele contou que a empresa se preparou por dois anos para expandir e só assinou os primeiros contratos com os interessados na sua rede em fevereiro deste ano. Atualmente a mordidela está presente em nove estados com 45 lojas. Bruno contou que o investidor não pode se iludir ao comprar uma franquia e achar que o sucesso do negócio é garantido.
“Existe uma ilusão muito grande de que a pessoa vai atrás de uma empresa de franquia e vai apenas abrir as portas e ela vai funcionar normalmente. Isso é uma ilusão. Independente da franquia a gente trabalha com muita seriedade. A pessoa precisa trabalhar. Seja ela na frente do negócio, que potencializa a chance de sucesso ou que seja um bom administrador de pessoas e um bom administrador. Isso no nosso tipo de trabalho, nos nossos tipos de qualificações, a pessoa tem que trabalhar 100% no negócio”, alegou.
Neste mês, a rede de Bruno chegará ao Rio de Janeiro com três lojas na região metropolitana e no interior. O estado foi o que mais expandiu no mercado de franchising nos últimos seis anos, com faturamento de R$ 7,4 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano. De acordo com o Sebrae, esse fenômeno foi possível a partir de linhas de crédito exclusivas que foram criadas para determinadas áreas do estado o que permitiu, inclusive, que novos empreendimentos surgissem em regiões fora dos centros, promovendo a interiorização e ampliação do mercado em áreas de baixa renda. Além disso, grandes centros estão com determinados segmentos saturados. Segundo a analista do Sebrae-Rio, Jacqueline Garcia, um estudo do órgão revelou que as franquias falem menos do que negócios independentes, mas isso não quer dizer que negócios desse setor não passem por problemas ou pela possibilidade de fechar as portas.
“Quando a gente faz o levantamento de empresas que fecharam olhamos os cadastros de encerramentos na Junta Comercial da Receita Federal. Na franquia, quando o franqueado não vai bem, existe o repasse daquela unidade, então não entra no índice de empresas que fecharam porque a documentação dela continua existindo, só muda o quadro societário. Alguns franqueadores também eles recompram a unidade ou se associam ao franqueado para evitar que aquela unidade feche”, contou.
Nesta semana, o setor movimentou cerca de R$ 200 milhões em novos negócios durante a 10ª Expo Franchising ABF Rio, uma das maiores do mundo, que contou com a presença de cerca de 20 mil pessoas e com a exposição de aproximadamente 200 marcas de franquias. Ao todo, o Brasil possui 143.866 lojas franqueadas e é o quarto maior mercado do mundo no setor.