A Máquina de Vendas, terceiro maior grupo de varejo eletroeletrônico do país, concluiu um plano de revisão de sua base de lojas, levando a um fechamento de 100 a 130 pontos entre março e abril.
Considerando o piso do ajuste, de 100 lojas, o corte equivale a cerca de 10% da base de lojas do grupo, com aproximadamente mil unidades. Os pontos eram alugados e contratos foram cancelados, segundo fonte a par do assunto.
O Valor apurou que cerca de 40% dos fechamentos referem-se às lojas da rede Eletro Shopping, uma das varejistas da Máquina no Nordeste, que também opera com a marca Insinuante na região. O restante dos fechamentos (60%) equivalem às operações das redes Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar. A rede Salfer, localizada no Sul do país, não teria sido impactada.
Neste ano, a Máquina iniciou um movimento de unificação de marcas, que prevê transformar a Ricardo Eletro em sua única bandeira em todo o país. Os fechamentos fazem parte desse processo e se concentraram em lojas deficitárias, que não tinham expectativa de virada nos resultados a curto prazo.
A sobreposição de pontos, com lojas do mesmo grupo operando de forma muito próxima, também motivou a redução, mas os fracos resultados foram a razão principal para o ajuste.
Procurada para comentar os fechamentos, a companhia preferiu não se manifestar.
Na estratégia definida pela varejista, como esses pontos exigem um investimento inicial não tão alto e custo de fechamento baixo, quando comparado a outros negócios do varejo – muitas lojas já operavam de forma ociosa -, faz mais sentido fechar o ponto e, caso o mercado volte a reagir, planejar uma reabertura.
A Máquina de Vendas está em processo de reestruturação desde o ano passado, para tentar recuperar vendas, reduzir ineficiências internas e diminuir o nível de alavancagem do negócio. A Enéas Pestana & Associados foi contratada em agosto de 2015 para tentar avançar nos ganhos de sinergia entre as redes e tornar a operação mais rentável. A consultoria deixou a operação há cerca de 45 dias e medidas tomadas neste ano se baseiam neste trabalho.
Pestana faria parte do conselho consultivo na empresa, que seria criado no início do ano, mas o conselho não foi instalado. A rede tem um conselho de administração formado pelos sócios.
Paralelamente, está em andamento um plano de renegociações de débitos e alongamento de prazos de pagamentos a bancos, num esforço para equilibrar a estrutura de capital da companhia. Isso começou a ser feito no início do ano, frente à necessidade de renegociar vencimentos de dívidas de curtíssimo prazo. Por exemplo, para interromper desembolsos de caixas mensais relativos a contratos de debêntures, algumas amortizações deixaram de ser sucessivas. A G5 Evercore atua na assessoria e consultoria financeira para a rede.
O Valor apurou que a Máquina de Vendas teve receita bruta de R$ 8,5 bilhões em 2015, queda de cerca de 10% sobre 2014, reflexo da crise econômica que afeta o setor. A dívida líquida da companhia atingiu quase R$ 700 milhões no ano passado.