A empresa definiu como prioridade ter forte atuação em supply chain, materializando as ações com uma camada BI (business intelligence) para analisar indicadores
Por Fabio Cardo
A gestão de compra e do fluxo de produtos sempre foi ponto essencial para as lojas de varejo. Historicamente, a equação previa comprar bem, com boas margens de descontos, e vender rápido, otimizando o lucro e reduzindo as perdas. Eram as regras básicas para manter boa lucratividade e o crescimento do negócio. A evolução da tecnologia chegou para renovar essas práticas e melhorar os processos tradicionais do setor.
A rede de supermercados Mambo, há 40 anos no mercado e com oito lojas, todas localizadas na cidade de São Paulo, resolveu quebrar barreiras. Em 2020, o grupo MGB iniciou o processo de separar as operações das marcas Giga e Mambo, com atuações bem distintas, para que cada uma pudesse definir sua estratégia de negócios, investimentos e posicionamento.
Na nova estrutura, o Mambo passou a investir fortemente em sistemas de informação, com o intuito de apoiar o posicionamento no mercado como a melhor rede de varejo premium.
Já em 2020, foi implantado um data analytics, levando os dados para nuvem da Amazon Web Services (AWS), contando com um data lake e big data contendo todas as informações históricas relacionadas aos produtos: quantidades, rupturas, preços, eventuais excessos de estoque.
Alexandre Vasconcelos, diretor de transformação digital do Mambo, explica que a empresa definiu como prioridade ter forte atuação em supply chain, materializando as ações com uma camada BI (business intelligence) para analisar indicadores. “Hoje temos como avaliar os parâmetros de rotatividade de todos os produtos, incluindo variáveis como sazonalidade, clima, economia, localização das lojas, para podermos ser mais assertivos na oferta de produtos aos clientes”, detalha.
IMPULSO DO DELIVERY NA PANDEMIA
Todo o processo de adoção de tecnologias foi acelerado com a pandemia e com o fortalecimento dos aplicativos de entregas. As vendas em canais digitais se tornaram fundamentais para a rede. Tanto que foi uma das primeiras a aderir ao Rappi, a primeira com entrega de produtos frescos no Mercado Livre e, posteriormente, aderiu também ao aplicativo da Americanas. “A iniciativa foi relevante em termos de estratégia de posicionamento, para ganharmos mercado. Hoje podemos realizar uma venda mais assertiva”, afirma o executivo.
Há muito espaço para crescer nas vendas online, ofertando produtos mais alinhados com os perfis dos clientes e melhorando a qualidade na entrega. O consumidor ainda não percebe, por exemplo, toda a gama de produtos das plataformas e a facilidade de realizar compras recorrentes.
A hiperautomação define as regras de tratamento de anomalias e resolve automaticamente problemas de desabastecimentos ou excedentes.
A empresa trocou a plataforma própria de e-commerce em 2019, no início da pandemia, e hoje está em processo de renovação integral do seu aplicativo. Dando suporte à qualidade dos produtos a serem entregues, vai inaugurar uma dark store no bairro de Moema (na capital paulista) para ter mais controle sobre a qualidade do que é entregue pelos motoristas de aplicativos. Ponto positivo para reduzir as perdas de produtos no varejo, que têm significativo impacto na oferta global de alimentos no mundo.
A hiperautomação define as regras de tratamento de anomalias e qual é o comportamento padrão dos produtos. Resolve automaticamente eventuais problemas de desabastecimentos ou excedentes e dispara ordens para rever processos. Com base nos sistemas da AWS, a empresa pode identificar o ponto ideal de estoque, analisando dois anos de histórico de compras, para a gestão do abastecimento de compras de 8 mil itens vendidos nas lojas, os que são de passagem ou armazenados na central de distribuição. O cross-docking analisa o que é ideal ser armazenado e o que vai para cada loja.
Para melhorar o relacionamento com os clientes, a empresa conta com o suporte de CRM da Neoway, que tem mais de 20 anos de atuação no mercado varejista. O sistema faz a qualificação dos dados usando algoritmos bem calibrados: avalia os clientes quanto a recorrência, perfil de compra, administra os disparos de ofertas, além de definir o canal mais relevante para relacionamento com cada um.
O NOVO PAPEL DOS COMPRADORES
Segundo Alexandre Vasconcelos, a empresa tem como foco empoderar os compradores das redes. Os profissionais contam com dados para poder avaliar mix, margem, quantidades ideais, além de poderem ponderar as quebras e a lucratividade de cada produto.
As grandes indústrias sempre pressionaram para ampliar a variedade e quantidade de produtos nos processos de negociação. Hoje, a partir de dados, já repensam sua forma de atuação: estão mais colaborativas, com trabalho de acompanhamento e gestão junto aos compradores. A partir de parâmetros pré-definidos, chega-se ao custo ideal e o sistema passa a trabalhar a partir desses parâmetros.
“Temos muitos dados, incluindo rentabilidade, quebra de estoque, até o tempo de espera dos entregadores na portaria. Tudo pode ser compartilhado com as indústrias e isso amplia as oportunidades para trabalharem junto conosco”, complementa o executivo.
Fonte: Fast Company