Com planejamento e rapidez nas decisões, alguns supermercados tiveram alta real em 2015 operando com o mesmo número de lojas do ano anterior
Planejamento e agilidade para se adaptar às mudanças do mercado. Isso explica, em boa parte, por que 55 supermercados que não abriram lojas em 2015 conseguiram crescer 4,8% real num ano em que a economia retraiu 3,8% e o varejo alimentar, 1%. Os dados são do 45º Ranking de Supermercados, pesquisa publicada na edição de abril da revista impressa de SM.
Para Ari Kertesz, sócio da consultoria McKinsey, boa parte dessas redes conseguiu manter sob controle problemas que se agravaram em 2015, como o endividamento das empresas. “Isso permitiu que tivessem dinheiro em caixa para investir em tecnologia e melhorias, como reformas de unidades”, explica. Também contribuiu para o crescimento delas a rápida adaptação do sortimento às novas necessidades dos consumidores, que migraram para versões e marcas mais baratas.
Somam-se a essas iniciativas o fato de essas empresas terem ampliado aspromoções do tipo leve três e pague dois, além de trabalhar com embalagens econômicas. “Acredito que algumas devem ter se tornado referência de preço baixo em suas regiões, o que favoreceu as vendas”, diz Kertesz. Maior flexibilidade e agilidade na tomada de decisões contribuem para o crescimento desses supermercados.
É o caso do Grupo A.C.D.A, cujo nome fantasia é Araújo Supermercados, do Acre. Com um atacarejo e nove supermercados, a rede promoveu mudanças no processo de compras no final de 2014. O resultado apareceu nos resultados do ano passado, quando a empresa cresceu 21,6% real sem abrir uma única filial. As compras, que eram fracionadas, passaram a ser negociadas em carretas fechadas para obter maiores descontos. “Aproveitamos a sinergia com o nosso atacarejo para adquirir grandes volumes”, explica Wilson Soares, diretor comercial. “Com isso, conseguimos praticar preços até 20% menores. Antes, era menos de 5% para não perdermos dinheiro”, afirma. Outra vantagem foi fortalecer a parceria com os 15 maiores fornecedores para realizar mais ações nas lojas e produzir tabloides exclusivos.
O Grupo A.C.D.A também adequou o sortimento de acordo com o perfil do consumidor das lojas. Algumas seções tiveram o mix ampliado, como a de produtos saudáveis, que cresceu 30%. Soares afirma que a iniciativa, aliada ao aumento do espaço de exposição, resultou em crescimento nas vendas logo nas primeiras semanas após a implantação. “A cada seis meses reavaliamos todo sortimento das lojas e fazemos novas readequações”, explica.
Para ser incluído no cadastro, o produto deve atender necessidades do público e não ter similares no mix. Em 2016, a rede planeja entrar no formato de lojas de proximidade, com a inauguração de uma unidade com 800 m². Também deverão ser inaugurados o segundo cash & carry e uma central de processamento de hortifrútis. A expectativa é de fechar o ano com uma alta nominal de 15% no faturamento.