Por Leda Rosa | Mais baratos para o comerciante que a implantação de lojas convencionais, os quiosques vêm ganhando espaço nos shopping centers, que também veem no modelo uma forma de capitalizar espaços vazios em corredores e ampliar o mix de oferta para seus frequentadores. Mesmo durante a pandemia, a demanda por esse tipo de estabelecimento cresceu – e a tendência é que a expansão continue, segundo expectativa do setor.
“Da pandemia para cá, observamos alta de 20% na demanda por quiosques”, afirma Iacy Belo, executiva comercial do Shopping Boa Vista, localizado no centro do Recife. Com 23 mil m2 de área bruta locável, o mall recebe cerca de 45 mil visitantes diários, fator determinante para que o empreendimento estimule novas marcas do modelo. “Os quiosques, que representam aquela compra mais rápida, têm uma presença robusta por causa disso e são uma opção valiosa para a diversificação do mix dos shoppings, proporcionando aos visitantes uma experiência de compra mais rica e variada”, afirma Belo.
No River Shopping, em Petrolina (PE), o formato se tornou a porta de entrada mais rápida para o novo empreendedor. “Já faz anos que trabalhamos com vacância zero, sem vagas para novas lojas, mesmo no período da pandemia. A alternativa, então, são os quiosques que, oportunamente, terminam ocupando espaços de lojas”, diz o superintendente Welton Carvalho. Segundo ele, essas operações cresceram 23,33% no River, desde a pandemia.
Como mostram os exemplos dos shoppings pernambucanos, os consumidores cada vez mais vão encontrar quiosques nos malls. “A expansão desse modelo tende a continuar”, diz Fabiana Estrela, diretora executiva da Associação Brasileira de Franchising (ABF). O dia a dia das operações endossa a perspectiva de alta apontado pela entidade. Sinônimo de quiosque, a marca americana Nutty Bavarian chegou ao Brasil em 1996, com o plano de abrir, no mínimo, cinco operações até 2001. A meta foi batida já em 1997, mesmo ano em que virou franquia.
Os quiosques têm uma presença robusta e são uma opção valiosa para a diversificação do mix dos shoppings”
“O formato de quiosque é um excelente negócio, principalmente devido à estrutura enxuta da operação, o que torna o trabalho mais simples e eficiente”, diz André Novaes Farias, COO da Nutty Bavarian, rede que conta com 142 unidades no país, sendo 83 sediadas em shoppings (quase 60% do total dos pontos de venda). Desde 2018, foram inaugurados 33 novos quiosques da marca em shopping centers.
“É uma operação ganha/ganha, na qual o investimento acaba sendo de 30% a 40% menor de capex [investimento em bens de capital] e tem venda similar à das lojas [convencionais], fazendo com que o payback [retorno estimado] seja mais rápido – geralmente, em menos de três anos”, afirma Renata Rouchou, diretora de expansão de operações da Casa Bauducco. “Os quiosques em shoppings também garantem um diferencial na fatia de compra por impulso”, diz.
Além de ter um mix maior de ofertas, com quiosques, os malls conseguem aproveitar áreas de corredores com estabelecimentos que exigem menos infraestrutura e que dão retorno financeiro. De acordo com a ABF, o aluguel por metro quadrado cobrado do quiosque é, em média, 40% acima da loja tradicional. O custo final para o empreendedor, entretanto, acaba sendo menor porque, em grande parte dos casos, não é necessário pagar luvas (adiantamento ao locatário) e, em alguns casos, nem mesmo taxas de condomínio. Mesmo que o custo por m2 seja maior do que o das lojas, como os quiosques são menores, o gasto total com aluguel também costuma ser inferior. Além disso, o capital inicial do projeto, reformas, gastos com móveis e decoração são muito menores, assim como o custo com colaboradores.
Apesar das vantagens, há riscos a serem considerados. Luis Augusto Ildefonso, diretor institucional da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), frisa a insegurança para o empreendedor. Os shoppings têm a prerrogativa de mudar de lugar, ou mesmo romper o contrato, de estabelecimentos que julgarem que não estão dando certo. “Os quiosques crescem na amplitude permitida pelo shopping, no período que achar interessante. Para o lojista, não é seguro porque a localização pode mudar à sua revelia, segundo o que o shopping achar melhor”, aponta. “Se os vizinhos reclamarem, por exemplo, pode ser mudado. É um modelo que funciona para o lojista que está entrando no shopping e quer avaliar se vale a pena abrir uma loja ali.”
Fonte: Valor Econômico