Durante quase quatro anos, o Magazine Luiza conviveu com duas áreas de tecnologia funcionando em paralelo. Uma, batizada de “TI Corporativa”, mantinha toda a estrutura da companhia em funcionamento. A outra, o Luizalabs, ganhou a atribuição de pensar em inovações para os canais de venda e o relacionamento com os consumidores, desenvolvendo novos produtos na área digital.
A abordagem dupla, que durou até janeiro, quando as duas áreas foram unificadas sob a bandeira de Luizalabs, foi o caminho escolhido pela varejista para adaptar seu negócio para o mundo da internet. Segundo Marcelo Koji, diretor de tecnologia da companhia, esse isolamento foi necessário para permitir experimentações. “Precisávamos dar liberdade para o Luizalabs atuar e também dar tempo à TI tradicional para se adaptar ao novo cenário. Percebemos que esperar para melhorar o dia a dia e então investir em inovação não seria eficiente. Há uma diferença de visão muito grande”, disse.
O processo, desenhado e executado pela própria equipe da companhia, sem apoio de consultorias externas, fez com que a área de tecnologia adotasse processos mais ágeis de desenvolvimento e passasse a atuar mais próxima às áreas de negócios, atendendo as demandas com maior velocidade. Um exemplo é que evoluções do sistema de gestão da companhia, que normalmente eram feitas a um ritmo de duas ou três por ano, passaram a ser feitas todos os meses.
Outro caso foi um experimento com sensores instalados em lojas para medir a presença de clientes e cruzar com as vendas realizadas. O projeto está sendo implantado em 800 lojas. “Aumentamos a eficiência das entregas e reduzimos muito o índice de problemas”, disse.
Para fazer isso, a equipe passou por uma série de treinamentos em novas tecnologias e linguagens de programação. Mais funcionários foram contratados e o desenvolvimento de novos sistemas passou a ser feito, majoritariamente dentro de casa. A estrutura mais antiga, o chamado legado, está, aos poucos, sendo migrada para modelos mais modernos, e tudo é feito pensando no conceito de computação em nuvem. “A estratégia é pensar primeiro em mobilidade, nuvem e interfaces de programação de aplicativos [as APIs, que permitem integração mais simples entre sistemas de diferentes empresas]”, disse. Atualmente, o Luizalabs conta com cerca de 300 pessoas. Em 2016, o orçamento de TI da varejista foi de R$ 54 milhões.