Enquanto as concorrentes dividiam o comércio físico do digital, como a Via Varejo (VVAR11), braço virtual do Grupo Pão de Açúcar, a Magazine Luiza (MGLU3) acreditou que poderia ganhar muito mais se não desmembrasse suas operações. “Muitas vezes, nem o mercado sabia o que estávamos fazendo, por que não separávamos o CNPJ das lojas físicas do digital, sendo que, naquela época, valeria 10 vezes mais do que juntos, mas acreditamos”, disse Luiza Trajano, presidente do conselho da varejista, ao projeto Ela S.A., da InfoMoneyTV. A estratégia foi acertada e, de dezembro de 2015 (quando bateu a mínima histórica na Bolsa) até agora, as ações da varejista acumulam valorização de cerca de 5.850%.
O sucesso, no entanto, não subiu à cabeça. “Ninguém tem sucesso. Você está de sucesso”, disse Luiza sobre o processo de transformação empresa nos últimos 60 anos, que nasceu como uma pequena em Franca, no interior de São Paulo. “É humildade, pé no chão, saber que temos um caminho grande pela frente. Quando você entende isso, você continua trabalhando como fazia antigamente, porque você sabe que não tem, você está”.
Sobre os avanços da Amazon no Brasil, Luiza disse que vê com muito respeito, mas que sabe que fizeram o dever de casa. “Vemos com muito respeito, mas sabendo que somos uma das poucas empresas do mundo que estão preparadas para enfrentá-la, porque estamos trabalhando nisso há 10 anos e conhecemos o mercado, já temos logística. Vim agora do Sertão e sabemos que logística aqui não é fácil. Para fazer 60 quilômetros, você demora 3 horas. Em São Paulo, você levaria uma hora. Nós sabemos que conhecemos o Brasil”.
Embora tenha deixado o dia a dia há anos da empresa, Luiza conta que segue de olho em tudo o que acontece nas mais de 800 lojas da companhia, mas hoje divide sua atenção com outros interesses. “Sou uma presidente que trabalhei 25 anos no balcão e sei tudo o que se passa no campo, mas quando entreguei o comando já estava com outros focos”, comenta. “Meu foco hoje é no Brasil”.
Em relação ao momento econômico, ela comenta que o País viveu uma longa crise, mas, dado o tamanho do mercado, qualquer sinal de retomada já é possível ver uma melhora. “Tendo emprego, renda e crédito, esse País tem um futuro muito grande”.
Fonte: Informoney