Nos próximos meses, o Magazine Luiza deve investir algo em torno de R$ 30 milhões para transformar suas 197 lojas digitais (um modelo compacto de loja focada em smartphones) em uma nova modalidade, chamada “loja 2.0”. Se der certo, outros R$ 10 milhões devem erguer 20 novas unidades em 2020. É uma maneira de aproximar ainda mais uma categoria essencial de clientes: os que ainda são ‘analógicos’.
A primeira loja desse novo modelo abre nesta quinta-feira (14) em Barra Bonita, no interior de São Paulo. A reforma inclui uma nova identidade visual e a aplicação de tecnologia em todas as fases do processo de venda. Logo na entrada, tablets disponibilizarão ofertas disponíveis na loja e outras funções mais lúdicas, como jogos. No estoque, alguns dos itens mais vendidos para além de smartphones estarão disponíveis apenas para retirada, aumentando a velocidade e diminuindo o custo de entrega para o cliente.
Na avaliação de Alexandre Van Beeck, sócio-diretor da consultoria de varejo GS&Consult, é uma evolução “natural” de um modelo de loja que, desde a década de 1990, aposta em mostruário digital para vender produtos que não estão ali. “Mais que dinheiro, o diferencial competitivo do Magalu é o alinhamento dos gestores rumo à digitalização: é provavelmente a maior fortaleza da empresa”, diz o especialista.
O pulo do gato deste novo modelo, contudo, não está somente na experiência de compra, mas em um espaço anexo que a empresa chama de Magalu Para Você. “Vai ser possível montar eventos e interagir com a comunidade local através de cursos, palestras, eventos para gamers, entre outros”, conta Fabricio Garcia, diretor comercial do Magazine.
“É uma loja muito flexível”, continua o diretor. “Poderemos transmitir ao vivo eventos realizados pela empresa, aumentar a interação para mostrar que vendemos de tudo no Magalu e aplicaremos também a tecnologia que permite fechar a venda via tablet, sem precisar ir até o caixa”.
Pedro Fagundes, analista da XP Research, afirma que a estratégia parece certeira. “Para regiões com baixa densidade populacional, uma loja menor normalmente faz mais sentido”, argumenta. “Ao mesmo tempo, como lojas como essa têm menor espaço para mostruário, virtualizar a experiência de compra e educar o cliente é uma estratégia inteligente” para criar identificação com o tipo de produto que o Magalu quer vender.
Cliente valioso
Lojas virtuais do Magalu no modelo atual arrecadam cerca de R$ 4,4 milhões ao ano e a reforma custa R$ 150 mil por loja, de acordo com Garcia. Para construir uma nova loja 2.0 (e isso está nos planos), o investimento é de R$ 500 mil. A empresa não divulga a expectativa de aumento no faturamento, mas o diretor garante que o modelo é “vencedor” e as vendas vão aumentar.
Fagundes, da XP, explica que democratizar o acesso às tecnologias para esse cliente do interior do país é um dos grandes diferenciais do Magazine para seguir na frente de entrantes como a Amazon e outras varejistas digitais.
Embora essa categoria seja menos relevante em termos de faturamento [, o brasileiro dos rincões do país é essencial para manter a força da marca. “Partindo do pressuposto que esse cliente não tem muito acesso ao varejo online, ele possui uma identificação muito maior com o varejo físico, seja Casas Bahia ou Magazine Luiza”, diz o analista.
“É inerente do ser humano que o que é mais fácil entre na nossa rotina”, diz Van Beeck sobre inclusão digital. “[A loja] é uma oportunidade de levar essa facilidade para o cliente do interior, considerando que, na capital, todas as empresas estão concorrendo”, reforça. “Além de crescimento das vendas, é uma oportunidade de melhorar o relacionamento; como eles mesmos dizem, ‘calor humano’”.
Fonte: Infomoney