Produto comprado no site da Netshoes poderá ser retirado em loja da Magalu em outubro
Nas últimas seis semanas, 34 frentes de trabalho criadas no Magazine Luiza têm atuado no projeto de integração com a Netshoes, varejista on-line adquirida em junho. Serão mais seis semanas de estudos internos, mas um dos primeiros sinais desse processo deve ser anunciado hoje: a partir de outubro, produtos comprados no site da Netshoes poderão ser retirados em lojas do Magazine.
São Paulo será a primeira praça a fazer parte da iniciativa, que em 2020 deve ser estendida a outras capitais. O Magazine Luiza (e a maioria das grandes redes) oferece a possibilidade de compra no site e retirada em loja, em seus mil pontos no país. Em 341 deles, o grupo montou uma espécie de minicentros de distribuição.
Neste momento, a opção de retirar em loja será válida para itens próprios da Netshoes, e não de terceiros hospedados em seu site (“marketplace”). “A intenção é aproximar a Netshoes daquilo que há no Magalu, como agilidade de entrega, utilizando a nossa estrutura física”, diz Eduardo Galanternick, diretor-executivo de comércio eletrônico do Magazine Luiza.
A medida mexe com o modelo de logística do grupo, o que é sempre um risco para o negócio. Mas como a implementação será gradual, o executivo diz que não haverá problemas. Galanternick afirma que “plugar lojas ou centros nos sistemas é sempre um desafio”, mas acrescenta que a rede já passou por isso em outras aquisições.
A integração das rotas para retirada de mercadorias pela Logbee, empresa de logística do Magazine, nos 3 centros de distribuição da Netshoes e 14 CDs da rede no país vai diminuir gastos. “Isso deve reduzir entre 20% a 30% a despesa total da Logbee. O caminhão vai e volta mais cheio”, diz Marcio Kumruian, CEO e fundador da Netshoes.
Numa etapa posterior, o processo deve levar à simplificação de estruturas e à redução do número de centros de distribuição – dois devem encerrar as operações. Segundo Kumruian, um deles será o armazém da Netshoes em Barueri (SP), de 15 mil m2 onde estão itens de moda e beleza. Os estoques serão transferidos para o centro da Netshoes em Extrema (MG), com 28 mil m2.
O armazém da cidade mineira também vai centralizar estoques da Época Cosméticos, adquirida pelo Magalu em 2013. Com isso, o centro da Época localizado também em Extrema deve ser fechado. Isso ocorrerá durante o primeiro trimestre de 2020.
As marcas Zattini (que pertence à Netshoes) e Época devem ser mantidas e iniciou-se, discretamente, uma integração de sites. O mesmo está sendo feito com Magazine e Netshoes. “No início de outubro vamos subir um novo layout, com mais espaço para a Netshoes e em novembro, subiremos novas marcas”, diz Galanternick.
Essa questão das novas marcas é crucial na estratégia, e um ponto sensível. Quando o Magazine Luiza negociava a compra de Netshoes, em junho, fornecedores afirmavam que a empresa teria que negociar condições comerciais para vender Nike e Adidas. Até o momento, não há linhas das duas marcas na loja da Netshoes dentro do Magazine. Kumruian diz que abriu conversas com fornecedores, e já foi fechado acordo com a Adidas. A marca terá produtos à venda do site do Magazine até a “Black Friday”.
“Abrimos negociação para ver o que é preciso fazer para tê-los lá [no portal do Magalu]. A ideia é trabalhar para deixá-los confortáveis com o acordo”, diz ele, que ainda estaria negociando com a Nike, segundo informações do setor.
Sobre as 34 frentes de trabalho, além de logística, elas se dividem em áreas como prevenção à fraude, contabilidade, contas a pagar, entre outros. A intenção é definir o que “há de melhor” em cada empresa e expandir para o grupo. Mudanças mais profundas, como integração de sistemas mais complexos ficaram para 2020. Kumruian diz que continua sob estudo a abertura de lojas físicas da Netshoes e afirma está mantida a projeção de “break even” (equilíbrio entre receitas e despesas) na Netshoes em 2021.
Fonte: Valor Econômico