“Já ouviu falar em ‘first mover advantage‘ [a vantagem estratégica de quem chega primeiro num mercado]? É isso que estamos fazendo”, disse Frederico Trajano, CEO do Magazine
Por Adriana Mattos
“Venha nos conhecer, eu tô esperando você, o pequeno empreendedor de qualquer negócio, venha!”, repetia a voz de Luiza Helena Trajano, a brasileira mais influente do mundo, na gravação do caminhão de som estacionado no bairro do Jaguara, em Maceió (AL). A poucos metros dali, no centro de convenções da cidade, cerca de 1,3 mil lojistas haviam se cadastrado para assistir Luiza como a mestre de cerimônias e “madrinha” de uma nova empreitada da empresa, que começou a ser desenhada no fim do ano passado: uma caravana para tentar trazer mais lojistas para o “marketplace” do Magalu.
O Magazine Luiza lançou nessa quinta-feira (19) a sua caravana digital na capital alagoense (a cidade seguinte a receber a equipe da empresa será Aracaju, Sergipe), com presença de todo o alto comando, e a primeira edição da ação deve passar pelas principais capitais do país até o fim do ano.
“Começamos no Nordeste para ajudar o vendedor daqui a crescer. A gente imagina que boa parte dos lojistas que vendem hoje nos marketplaces são de São Paulo, então aqui [na região] tem um mercado enorme ainda. Já ouviu falar em ‘first mover advantage’ [a vantagem estratégica de quem chega primeiro num mercado]? É isso que estamos fazendo”, disse Frederico Trajano, CEO do Magazine, em entrevista poucas horas antes do evento de lançamento da Caravana, no centro de convenções de Maceió.1 de 1 Pela primeira vez, a empresária Luiza Helena Trajano se torna a garota propaganda de uma ação da companhia — Foto: Julio Bittencourt/Valor
Pela primeira vez, a empresária Luiza Helena Trajano se torna a garota propaganda de uma ação da companhia — Foto: Julio Bittencourt/Valor
Na semana passada, a empresa publicou seu balanço de janeiro a março e reportou um prejuízo líquido de R$ 161 milhões no período, revertendo o lucro líquido de R$ 258 milhões do mesmo período do ano passado. Na apresentação do marketplace da empresa nessa quinta, Trajano mencionou os serviços da plataforma do grupo, e o avanço da competição dos asiáticos.
“O maior concorrente de vocês são vendedores da China, que vendem diretamente da China sem recolher imposto alfandegário. Esses varejistas já emitem 1 milhão de pacotes por dia [para o Brasil]. Se o empreendedor não entrar no online, ele vai perder negócios não pelo concorrente do lado, mas pelo vendedor da China. Eles entram em aliexpress, shopee e trazem de lá”, disse aos lojistas.
“Dos 6 milhões de varejistas no país, só 300 mil vendem online e o varejo online já tem U$ 5 trilhões de vendas ao ano e com crescimento muito acima do analógico, quem não investir vai ficar para trás”.
Luiza mencionou na sua apresentação a história da empresa e aquilo que a marca tem e, diz ela, os outros ainda não. Pela primeira vez, a empresária se torna a garota propaganda de uma ação da companhia.
“Parece que fica confuso na cabeça de vocês, mas vou explicar…esses players como Alibaba e Amazon nasceram sem loja física, mas nós somos o único que nasceu no físico e temos marketplace. Não somos mais uma empresa que vende eletro e móveis, mas somos iguais a esses [sites] muitos famosos, e eles que me desculpem, mas nós temos a experiência do físico e do digital”, diz ela, aplaudida pelos lojistas espalhados pelo centro.
São 180 mil vendedores na plataforma do Magazine, em seis anos de atuação nessa área, num país com seis milhões de varejistas. O Magalu colocou a venda de itens terceiros como seu motor de crescimento (gera receita com serviços e maior rentabilidade). Mas, para isso, busca trazer mais vendedores para a sua plataforma, complementares à sua carteira de produtos, e não depender de vender apenas bens duráveis, dependentes de crédito e mais sensíveis a quedas de renda, como a que se vê agora no país.
Entre os vendedores, as dúvidas centrais de varejistas ouvidas são sobre custos e modelo de entrega. “Eu vim porque preciso vender mais, preciso de visibilidade e eu só uso o Instagram, mas tem que ver se não é caro vender lá”, diz Nariani Costa, dona da Ponto Final Acessórios, loja de bijouterias, enquanto esperava início do evento.
Fonte: Valor Econômico