Quando o CEO da LVMH foi visto caminhando pelo lobby da Trump Tower na segunda-feira, a indústria da moda prendeu a respiração.
Bernard Arnault dirige a maior companhia de artigos de luxo do mundo — um amplo império que inclui Louis Vuitton, Fendi e Dior — e lá estava ele, prestes a se encontrar com um presidente eleito que ameaçou desestabilizar o setor com restrições comerciais. Depois da reunião de Arnault com Trump, a LVMH afirmou que a companhia francesa estava estudando expandir sua produção nos EUA.
O encontro ressalta o momento angustiante para as fabricantes de roupas, porque a maioria delas havia descartado os EUA como uma fonte primordial de produção. Impressionantes 97% das roupas vendidas nos EUA são fabricadas em outros países, mas Trump ameaçou rasgar acordos comerciais e impor tarifas na tentativa de fazer com que esses empregos voltem para o país.
Isso levou muitos gigantes do setor a congelarem seus planos de expansão no exterior — e, pelo menos, a fingir que respeitam a ideia de fabricar uma quantidade maior de seus produtos nos EUA.
“Não haverá nenhuma grande expansão enquanto não se souber o que vai acontecer”, disse Julia Hughes, presidente de uma associação da indústria da moda que representa nomes como Ralph Lauren e Under Armour.
A LVMH já tem uma fábrica em San Dimas, na Califórnia, onde fabrica produtos Louis Vuitton há 25 anos. A companhia está considerando ampliar essa fábrica e também abrir outra instalação no sul do país ou no Texas. Mas essa decisão tem mais a ver com atender à demanda local, disse Sonia Fellmann, porta-voz da empresa em Paris.
“O sucesso da Louis Vuitton nos EUA faz com que seja necessário aumentar a capacidade de produção”, disse ela. “A localização ainda não foi definida.”
Nervosismo
A preocupação é que a retórica de Trump e suas enxurradas de tuítes se transformem em uma guerra comercial com a China e outros países. Isso deixaria as fabricantes de roupas em um dilema: continuar a produzir nesses países — e pagar tarifas ou outras penalidades que reduzirão as margens — ou tentar reconstruir a infraestrutura do setor de vestuário dos EUA.
Uma possibilidade é que as grandes marcas evitem a Ásia e transfiram a produção para o México e a América Central, onde já existe uma sólida indústria de fabricação de roupas, disse Augustine Tantillo, presidente do Conselho Nacional de Organizações Têxteis.
Isso também daria um impulso ao emprego nas companhias têxteis dos EUA, que fabricam as linhas, os tecidos e as fibras que os produtores de roupas compram. A indústria têxtil dos EUA tem 580.000 trabalhadores, em contraste com cerca de 1,8 milhão no fim dos anos 1990, quando a produção foi transferida para a Ásia, de acordo com o grupo do setor.
Fonte: Valor Econômico