A pessoa entra com o smartphone na loja, toda espelhada, e faz “check-in”. Seu histórico de compras aparece em uma tela. O aplicativo mostra as novidades. Numa estrutura, vários sapatos estão ao lado de outra tela “touch”, na qual é possível personalizar o acessório.
A loja do futuro da varejista on-line Farfetch entrega o produto na hora, se o tiver em estoque, ou em qualquer lugar do globo onde, dias depois, o cliente esteja. Apresentado em Londres como a “nova revolução do consumo de moda”, o projeto integra o mundo físico e “on-line”.
Maior e-commerce de luxo do mundo, com 2.000 marcas em sua plataforma, a Farfetch tem planos de expandir essa loja conectada já nos próximos anos, e, neste ainda, começar a testá-la nos EUA e no Reino Unido com a grife Thom Browne e a multimarcas Browns, respectivamente.
O serviço de personalização, por enquanto, está restrito à grife do designer inglês Nicholas Kirkwood, mas a empresa já desenvolve um aplicativo para reunir marcas que ofereçam produtos personalizáveis.
Agrados ao cliente também são apostas da marca alemã Adidas, que lançou em Berlim uma loja temporária que oferece casacos personalizados ao gosto do cliente.
As medidas são tiradas por um escâner que envia as informações para uma máquina, programada para finalizar o produto em poucas horas. A marca esportiva também colocou à venda os primeiros sapatos com solados impressos em máquinas 3D.
“As grifes precisam unir os mundos digital e físico para serem competitivas. Sinto os empresários entusiasmados com o modelo de loja do futuro porque ela oferece uma experiência que não deixa de ser de luxo e, ao mesmo tempo, minimiza custos operacionais”, explica o CEO da Farfetch, o português radicado em Londres José Neves.
No mês passado, durante conferência organizada para empresários de moda, em Londres, ele também elevou o conceito de velocidade para as lojas on-line.
Por meio de uma parceria com a Gucci, o cliente de seis metrópoles, incluindo São Paulo, recebe em até 90 minutos o produto da grife comprado no site da Farfetch. A intenção de Neves é equacionar uma solução para que o prazo se reduza a meia hora.
“Já estamos negociando com outras marcas para que, no próximo ano, possamos oferecer o mesmo serviço aos clientes dessas grifes”, diz.
O executivo foi pioneiro no serviço de “luxo expresso” com uma empresa que, em menos de uma década, já é avaliada em US$ 1 bilhão.
O modelo de negócio consiste em concentrar na plataforma on-line o estoque de multimarcas espalhadas pelo mundo e, por meio de um “hub” geograficamente privilegiado, em Portugal, conseguir entregar peças num curto espaço de tempo.
No auge da crise, em 2009, o negócio salvou da bancarrota várias lojas do interior europeu, principalmente italianas. Para os clientes brasileiros, o site virou opção para a baixa oferta de marcas estrangeiras no país.
No ano passado, o negócio de Neves gerou, só no Brasil, R$ 100 milhões. Ele quer encerrar 2017 com faturamento de R$ 155 milhões.
“Vivemos num mundo em que o Uber e a Amazon estão criando hábitos de luxo nos consumidores. Ninguém sai do restaurante para pegar um táxi ou espera dias para um produto chegar em casa. O tempo das pessoas não comporta experiências demoradas”, diz ele
Fonte: Aqui Notícias