O mercado global de luxo, que até 2015 crescia entre 8% e 10% ao ano, vive uma nova fase, com expectativa de crescimentos de 2% a 5% ao ano até 2025. Para obter êxito nesse mercado amadurecido, as companhias precisam se adaptar mais às demandas da geração do milênio – pessoas nascidas após 1982 -, que se tornará o maior público consumidor de artigos de luxo até 2025. A avaliação faz parte de um estudo realizado pela consultoria Bain & Company e a Farfetch.
De acordo com o levantamento, a geração do milênio, que atualmente representa 27% do público consumidor de luxo, vai responder por 40% das vendas globais desse mercado até 2025.
“A característica mais impactante desse público é que seu processo de compra passa bastante pela internet”, afirmou Gabriele Zucarelli, sócio da Bain & Company. “A estratégia de marketing e mídia das empresas precisa ser repensada.”
O estudo aponta que 100% dos jovens entre 15 e 35 anos usaram a internet no processo de compra de produtos de luxo em 2016 e 14% começaram a consumir luxo por meio de sites de comércio eletrônico. Entre pessoas de 36 a 45 anos de idade, 96% usam a internet no seu processo de compra e entre 8% e 9% fizeram a primeira compra on-line.
Entre consumidores de 46 a 55 anos, 90% fizeram pesquisas na internet antes de comprar e apenas 3% compraram pela rede. Acima de 56 anos, o índice de uso da internet foi de 80% no processo de compra e 2% foi o percentual de pessoas que compraram on-line efetivamente.
Zucarelli observa que o comércio eletrônico atualmente representa 8% das vendas do mercado de luxo no mundo mas, até 2025, deve atingir 25% de participação.
As lojas exclusivas das grifes, que atualmente respondem por 30% das vendas de produtos de luxo no mundo, vão representar 25% do mercado. E as lojas de departamento, que hoje possuem uma fatia de 23% nos negócios do segmento, terão sua participação reduzida para 13% até 2025.
“A experiência da geração do milênio com os produtos também é diferente das gerações anteriores, o que deve exigir adaptações das operações nas lojas físicas”, afirmou Zucarelli.
De acordo com o analista, enquanto as gerações mais velhas consideram parte da gratificação o ritual de experimentar o produto na loja, com um tratamento individualizado, tomando uma bebida calmamente, a geração do milênio prefere compartilhar a experiência com amigos, tirando fotos na loja, e perguntar nas redes sociais se seus pares gostam do produto.
“A geração do milênio tem mais interesse em produtos que podem ser personalizados ou que ofereçam uma experiência diferenciada, como um convite para eventos ligados à marca, do que ir à loja em si”, acrescentou.
Outro ponto citado pelo analista é o maior interesse das novas gerações por serviços de luxo. “Antigamente havia uma gratificação pessoal em dizer que tinha um barco, um helicóptero. A geração do milênio também tem interesse nesses itens, mas prefere compartilhar bens de alto valor agregado a adquiri-los, o que estimula o mercado de serviços de luxo”, disse Zucarelli.
Fonte: Valor Econômico