Para presidente do Conselho do Magalu, apesar do avanço do digital, quando não há o lado físico da operação a cultura da empresa se esgota mais facilmente
Por Rafael Rosas
A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, afirmou hoje que a loja física “não vai acabar”. A executiva, que participou do workshop “Os Impactos da Pandemia nas Relações de Trabalho”, promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ressaltou que as vendas digitais vieram para ficar, mas que o essencial é a “multicanalidade”.
“O digital é uma realidade, quem não entrar no digital vai ficar fora”, afirmou Luiza, ponderando que, apesar desse avanço do digital, quando não há o lado físico da operação a cultura da empresa “se esgota mais facilmente”.
Luiza destacou que a multicanalidade ajuda a impulsionar as vendas e exemplificou lembrando que, no Magazine Luiza, a compra digital para retirada nas lojas físicas contribui para que haja um volume maior de vendas digitais. Ela lembrou, inclusive, que a empresa vai inaugurar 50 lojas no Estado do Rio de Janeiro.
Ao falar sobre os efeitos da pandemia sobre os negócios da companhia, Luiza não se restringiu ao avanço das vendas digitais, mas também destacou a necessidade que vários agentes ligados ao varejo, e à economia em geral, entendam que houve uma mudança de paradigma em todo o ambiente de negócios. Nesse sentido, afirmou que são necessárias mudanças no papel de empregadores, empregados, instituições e sindicatos.
“O que precisamos agora é de geração de emprego. Devemos estar cada vez mais abertos para libertar pessoas, porque o emprego dá libertação”, afirmou.
Sobre os sindicatos, ela disse que as entidades de classe deveriam lutar por essa geração de empregos e não pela manutenção de uma burocracia que custa dinheiro e muitas vezes reduz as vagas disponíveis. “A covid acelerou as decisões. O que levaria 10 anos, aconteceu. E as pessoas ainda não entenderam que com a covid as coisas mudaram”, ponderou.
Apesar da crítica, a executiva destacou que o Magazine Luiza não teve problema com sindicatos durante a pandemia. Luiza afirmou que muitas vezes o problema aconteceu mesmo com a população de determinadas regiões, devido a questões de crenças políticas. Sem citar nomes, contou que optou por manter lojas físicas fechadas mesmo com a liberação por parte do poder público local, o que levou a pressão por parte da população pela abertura das lojas. “O Brasil estava dividido”, disse.
Fonte: Valor Econômico