A varejista informou lucro de R$ 690 milhões no período e alta de 35,9% nas vendas líquidas, a R$ 24 bilhões; endividamento e inadimplência sobem
Por Adriana Mattos
O Carrefour no Brasil apurou elevação de 1,3% no lucro líquido ajustado dos sócios controladores de abril a junho sobre o ano anterior, para R$ 600 milhões. Este número inclui os resultados da rede Big de junho, negócio comprado no ano passado e agora incluído no balanço do trimestre. Ao se excluir o Big, o lucro líquido ajustado foi de R$ 631 milhões, com uma alta maior, de 6,5% no trimestre.
Sem considerar os ajustes e ao contabilizar todos os acionistas da empresa, a companhia lucrou R$ 690 milhões no segundo trimestre, aumento de 10,6%.
A empresa ainda registrou alta de 35,9% nas vendas líquidas de abril a junho sobre o ano anterior, para R$ 24 bilhões, incluindo o Big.
Ao se descontar os números de venda do Big de junho, o Carrefour cresceu 26% de abril a junho.
Todas as margens da empresa caíram no segundo trimestre. A margem bruta consolidada diminuiu 1,4 ponto, para 19% (no braço do Atacadão reduziu de 14,8% para 14,1% e na unidade de varejo, de 24,7% para 23,3%).
Na margem de lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla em inglês), a taxa consolidada recuou 0,7 pontos para 7,1% (no atacado passou de 6,9% para 6,7%, e no varejo, de 6,5% para 5,8%).
Sobre esse desempenho, David Murciano, diretor vice-presidente de finanças disse que a empresa vem buscando ser mais forte em volume vendido já há alguns trimestres, e que a perda de margem no ano versus ano anterior não é fonte de preocupação.
“Estamos tranquilos com o ‘top line’ e essa estratégia ajuda o consumidor e [ajuda] a empresa em seu crescimento. Temos uma margem Ebitda no atacado que nos deixa feliz e, no varejo, sabemos que temos que melhorar. Queremos apoiar o consumidor e trabalhamos no longo prazo, então estamos satisfeitos”, disse ele.
Ao contrário do GPA, que dá sinais de uma política mais focada em rentabilidade no curto prazo, o Carrefour sinaliza que tem utilizado mais de estratégias comerciais para ganhar mercado.
A dívida líquida encerrou junho em R$ 12,1 bilhões ou R$ 17 bilhões incluindo aluguéis e recebíveis descontados, o que representou 2,7 vezes o Ebitda ajustado — uma alta frente o índice de 1,55 vezes um ano antes. “Isso representa o pico do ano e mantemos nossa expectativa de fechar o ano em não mais que duas vezes considerando o Ebitda esperado do ano”, disse o executivo.
Empréstimos
O número cresce porque a rede se endividou mais. Os empréstimos atingiram R$ 13,7 bilhões em junho de 2022, R$ 5,8 bilhões acima do mesmo período de 2021, explicados principalmente pela aquisição do Big e pagamento integral em 6 de junho.
O grupo captou empréstimos bancários no valor de R$ 6,3 bilhões entre setembro e maio, além de ter obtido recursos de linhas de crédito rotativo firmadas com o Carrefour Finance de R$ 3,8 bilhões, em janeiro e maio.
Isso foi parcialmente compensado pelo pagamento líquido de R$ 5,3 bilhões nos 12 meses finalizados em junho, referente ao vencimento de dívida.
Sobre inadimplência, a taxa voltou a subir, e, questionada a respeito, a direção ressalta que ela sobe a um ritmo menor que no trimestre anterior.
A taxa de inadimplência de empréstimos não pagos atingiu 17,4% de abril a junho, versus 17,1% de janeiro a março. “Esse número veio perdendo o fôlego porque cresceu mais do quarto trimestre [14,7%] para o primeiro [17,1%]”.
Conversão de lojas do Big
O Carrefour ainda disse que a empresa está numa primeira onda de conversão de lojas do Big, envolvendo 16 unidades. Treze devem ser convertidas para Atacadão, e devem começar a operar com essa bandeira entre novembro e dezembro. Essas unidades fecham um período para conversão (um ponto que analistas vem considerando dentro de um possível impacto em vendas). Outras três unidades se transformarão em hipermercado do Carrefour, mas o fechamento deve levar cinco dias e elas reabrem em setembro.
A empresa disse que deve reduzir pessoal na operação do Big, mas não dá números, e diz que isso ocorre dentro dos ganhos de sinergia do negócio.
Fonte: Valor Econômico