Valores elevados das taxas condominiais, aluguéis e encargos trabalhistas, aliados ao agravamento da crise econômica colocam em risco a sobrevivência dos estabelecimentos comerciais nos centros de compras da capital
Diante da crise econômica e do alto custo para se manter uma loja nos principais centros de compras, um grupo de empresários procurou o Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH) para reivindicar o fechamento do comércio em shoppings aos domingos na capital. Eles alegam que o valor do aluguel dos espaços e os encargos trabalhistas e tributários tornaram insustentável a abertura dos estabelecimentos no primeiro dia da semana.
“Essa é uma demanda de muitos lojistas de shoppings. A situação do mercado está muito ruim desde 2015 e este ano piorou. O custo para o empresário, principalmente para os proprietários de lojas pequenas, que chamamos de satélites, é muito alto. Ficou inviável. Eles não estão suportando mais o custo e a conta não fecha no fim do mês. Os lojistas vão quebrar”, alertou Alexandre Dolabella França, presidente da Associação dos Lojistas de Shoppings Centers de Minas Gerais (AloShopping).
A pretensão dos proprietários de lojas, no entanto, esbarra na convenção coletiva de trabalho do comércio lojista de BH para 2016 e 2017, que já foi firmada entre representantes dos trabalhadores e o Sindilojas. Em busca de uma alternativa, o AloShopping propõe uma renegociação na jornada de trabalho.
“Estamos buscando com o Sindilojas interferir nessa situação e fazer um novo acordo com o Sindicato dos trabalhadores. Não temos autonomia para fechar os shoppings aos domingos por causa da lei municipal e federal que regulamentam o funcionamento. O Sindilojas é nosso parceiro e precisamos tomar uma solução emergencial nesse assunto. Entendemos que é uma mudança complicada até mesmo para a população que já está acostumada com os horários de funcionamento dos estabelecimentos”, ponderou Alexandre.
Diálogo
O presidente do AloShopping ressalta ainda que os lojistas já sugeriram aos administradores de shoppings soluções para o aumento das vendas aos domingos como estacionamento gratuito aos clientes e liquidações coletivas. Contudo, os dirigentes ainda não demonstraram interesse em resolver o imbróglio. De acordo com Alexandre, um lojista de BH precisa vender em média pelo menos R$ 3,500 por domingo para que consiga ao menos cobrir os custos.
“O que eles podem fazer pelo lojista? Estacionamento gratuito, por exemplo, no domingo. Ou vamos fazer uma promoção todo domingo, com uma grande ação de marketing. Queremos que todos ganhem. Mas os administradores não estão conseguindo entender a situação. Parecem não perceber que as vendas, em todo o país, caíram assustadoramente”.
A reportagem tentou entrar em contato com a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), mas até o fechamento desta edição não conseguiu contato.
Estudo
Uma pesquisa encomendada pelo AloShopping demonstra que 50% das vendas aos domingos acontecem por impulso dos clientes que vão aos shoppings para frequentar os espaços de convivência como as praças de alimentação. “As famílias vão para almoçar e fazem compras esporádicas de baixo custo. Isso, para mim, não justifica o funcionamento do shopping por um longo período no domingo. Aquele consumidor que planeja suas compras e consequentemente vai gastar mais, pode adquirir seus bens em outros dias da semana”.