O varejo de vestuário, que vinha em queda desde o segundo semestre de 2015, voltou ao terreno positivo em março deste ano, com ampliação de 3,6% na receita real de vendas, em comparação ao mesmo mês de 2016. Em fevereiro, o setor havia registrado queda de 1,2% ante fevereiro do ano anterior; em janeiro, na comparação anual, a queda foi de 4,6%. Os dados foram compilados do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA).
O indicador acompanha a evolução das vendas do comércio em mais de 1,5 milhão de pontos de venda que usam máquinas da Cielo. “O segmento de vestuário foi o que teve melhor desempenho em março. Em abril, as vendas podem não crescer tanto, por um efeito de calendário, mas a perspectiva é ainda de crescimento”, afirmou Gabriel Mariotto, gerente de Inteligência da Cielo.
No ano passado, o feriado de Páscoa em março reduziu o número de dias úteis no varejo e atrapalhou as vendas do setor. Excluindo a diferença no número de dias úteis e a inflação, as vendas do setor de vestuário aumentaram 0,7% em março deste ano.
“Mesmo sem o efeito Páscoa, a performance do varejo de vestuário está melhor”, afirmou Mariotto. O varejo como um todo teve retração de 1,9% na receita de vendas em março, já com ajuste sazonal e descontada a inflação. No primeiro trimestre deste ano, as vendas do varejo acumulam retração de 3%, contra uma redução de 0,9% do varejo de vestuário.
As companhias abertas que já divulgaram os resultados financeiros do primeiro trimestre – Renner, Restoque e Cia. Hering – confirmam a tendência apontada pelo indicador da Cielo, com melhora gradual na receita de vendas ao longo do primeiro trimestre.
Laurence Gomes, diretor financeiro e de relações com investidores da Renner, disse em entrevista que as vendas na varejista de vestuário tiveram um crescimento acima das expectativas no primeiro trimestre deste ano, com uma melhora gradual mês a mês em fluxo nas lojas e em vendas por consumidor. O executivo também disse ver um ambiente menos promocional entre as varejistas do setor, principalmente a partir de abril, quando todas a redes já trocaram suas vitrines pelas coleções de outono e inverno. “Houve sinais de melhora, mas preferimos aguardar um pouco antes de rever a expectativa para o ano”, disse o executivo.
A Renner fechou o primeiro trimestre com crescimento de 14,7% na receita líquida de vendas, para R$ 1,24 bilhão. O crescimento de vendas em mesmas lojas (unidades abertas há mais de um ano) foi de 9,1%, contra 1,3% no primeiro trimestre de 2016. O lucro líquido avançou 2,2%, para R$ 67 milhões, com pressões de despesas e perdas com câmbio.
A Restoque, dona da Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John, Rosa Chá e Dudalina, também reportou uma aceleração nas vendas no primeiro trimestre. No período, o faturamento cresceu 19,5%, para R$ 393,4 milhões – o mais alto dos últimos quatro anos. A receita líquida teve o mesmo índice de expansão, para R$ 297,2 milhões. As vendas no atacado aumentaram 17,3% no trimestre, indicando uma perspectiva de melhora também no desempenho de redes varejistas multimarcas. A companhia reduziu seu prejuízo em 57,6%, para R$ 10,3 milhões.
Livinton Bauermeister, presidente da Restoque, disse em teleconferência para investidores que vê uma melhora gradual nas vendas e considerou “expressivo” o crescimento nas vendas do primeiro trimestre. Ele não informou, no entanto, se março foi o pico de expansão das vendas da Restoque.
A Cia. Hering registrou um aumento de 4,5% na receita líquida do primeiro trimestre, chegando a R$ 328,5 milhões, com avanço de 3,3% nas vendas do mercado interno, para R$ 379,1 milhões. As vendas da Cia. Hering para redes multimarcas tiveram avanço de 3,5% e as vendas para redes de franquias cresceram 5,6%, indicando também uma perspectiva de melhora na performance até junho. O lucro líquido cresceu 29,2%, para R$ 37,8 milhões, com melhora no seu desempenho operacional.
Fonte: Valor Econômico