Por Paulo Gratão | No ano em que completa 45 anos de existência, a Melissa, marca do grupo Grendene, anuncia uma série de novidades para sua rede de franquias. A primeira é a mudança no nome: todas as 409 lojas do Clube Melissa passarão a se chamar apenas Melissa. De acordo com Paulo Pedó, diretor da marca, a mudança vem após a realização de uma escuta ativa com consumidoras. A novidade foi antecipada a PEGN.
“Ouvimos nossas consumidoras e resolvemos abreviar o nome para encurtar a distância entre marca e consumidor. A cliente não vai ao Clube e, sim, à Melissa. É uma forma de se aproximar ainda mais do público. Também fortalece a marca, independentemente do ponto de venda”, afirma o executivo.
A mudança de nome vem acompanhada de um novo projeto arquitetônico, que poderá ser visto nas unidades que a rede deve inaugurar até o fim deste mês. Um estande com a versão mais atualizada do layout será apresentado na ABF Franchising Expo, feira de franquias promovida pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que acontecerá entre os dias 26 e 29 de junho em São Paulo.
O famoso cheiro de tutti-frutti, característico da marca, fica, mas o visual será mais clean, com foco nos itens. “Isso ajuda a expor melhor os produtos. Menos luz para a loja e mais luz para o conteúdo da loja”, diz Pedó.
O design exibe muitas linhas curvas e diferentes texturas, inspiradas nas tramas da Melissa Possession, produto ícone da marca. As lojas também terão vitrines digitais. A forma de pagamento é outra novidade: os atendentes irão até os clientes para concluir a venda, sem que o consumidor precise se dirigir ao caixa.
Para os franqueados atuais, a mudança será gradual e vai variar de acordo com disponibilidade financeira ou renovações dos contratos. A empresa diz que conta com a ajuda desses empreendedores para retomar uma expansão mais acelerada – atualmente, alguns grupos de franqueados comandam até dez lojas da rede.
O investimento inicial para abrir uma franquia deverá continuar em cerca de R$ 300 mil, considerando apenas mobiliário e ponto de venda. “Claro que tem que tem que contar estoque e outros custos, que podem levar o investimento total a R$ 1 milhão”, diz Pedó.
Novo momento
Há pouco mais de um ano, a Grendene internalizou a gestão de suas franquias. Antes, a função era delegada a uma empresa terceirizada. “A Grendene tem características industriais. No começo foi desafiador, mas conseguimos superar”, afirma o executivo. De acordo com ele, a mudança no nome das lojas também tem a missão de marcar o momento da rede, que agora é administrada diretamente para dona da marca.
A Grendene montou um time com antigos e novos funcionários — alguns da gestora terceirizada. “É um constante aprendizado, estamos satisfeitos com esses primeiros anos, e percebemos que nossos franqueados também. Eles sentem que tem um intermediário a menos”, conta Pedó.
A agenda do executivo passou a incluir conversas semanais com franqueados para falar sobre feedbacks, críticas e pontos de melhoria. Ele diz que proximidade já tem trazido resultados práticos, como um aumento de 40% nas vendas no Dia das Mães e crescimento “na casa de dois dígitos” no Dia dos Namorados.
Franquias
De acordo com o balanço da Grendene, as vendas sell out na marca Melissa registraram um crescimento de 21% no primeiro trimestre de 2024. O relatório diz que os Clubes Melissa “registraram aumento do sell out em todos os meses do trimestre, em todas as regiões do Brasil e com maior fluxo de clientes nas lojas”.
“É um momento em que estamos adequando rotinas internas para o varejo. Temos dentro de casa áreas de expansão e abastecimento, trazendo experiências para o franqueado do que já fazíamos com multimarca”, diz Pedó.
Aposta no digital
Outra pauta que está no radar da Melissa é o avanço nas vendas omnichannel. Alguns recursos começaram a funcionar nas lojas desde 2018, como o ship from store — em que o produto de compra online é enviado diretamente de uma unidade —, o retire na loja e o estoque compartilhado. Hoje as ferramentas representam uma “receita complementar” nas vendas, diz Pedó, ressaltando que o objetivo é que ganhem mais importância.
O executivo afirma a venda figital ajuda a suprir um desafio do setor de calçados: a grade disponível. “Nem sempre tem todas as cores e tamanhos, mas alguma loja vai ter e vai poder fazer um envio nacional”, diz.
O próximo passo é integrar também os produtos do e-commerce às lojas, remunerando toda a cadeira. “Ainda falta uma modalidade, que é a vitrine infinita. Isso vai permitir que o consumidor entre na loja física e o franqueado faça uma compra pelo nosso e-commerce e envie para a casa dele, sendo remunerado por isso”, explica.
Fonte: PEGN