O tempo em que as famílias iam aos grandes supermercados para fazer estoques de produtos em casa, ficou para trás. Hoje, os consumidores buscam mais conveniência e, em geral, frequentam as lojas de bairro de acordo com a necessidade de consumo.
Este hábito de compras avulsas somado à retomada da economia, com inflação e juros menores, faz com que os supermercados de bairro e lojas especializadas ganhem espaço no Brasil. “O movimento está muito relacionado a lógica do consumidor que busca comprar quantidades pequenas em locais mais práticos e perto de casa”, explica Adir Ribeiro, presidente e fundador da Praxis Education, consultoria especializada em franquias e varejo.
Entretanto, o especialista alerta que, para alcançar o sucesso, os estabelecimentos precisam encontrar um modelo enxuto de gestão. “Os supermercados, em geral, têm margem baixa de lucro e alta necessidade de capital giro. Para que tenha uma gestão financeira eficiente, é necessário que a operação seja menos complexa, o que inclui, por exemplo, um mix de produtos adequado e espaço otimizado, sem grandes estoques”, comenta Ribeiro, da Praxis Education.
Uma empresa que está seguindo esta tendência é a Zaeli, fabricante de alimentos fundada há quase 50 anos na cidade de Umuarama, no Paraná. A companhia, que tem em seu portfólio desde o tradicional arroz a pipoca de micro-ondas, dentre vários outros produtos, está expandindo a atuação para a cidade de São Paulo e região metropolitana por meio de uma rede de franquias de lojas de bairro compactas.
As lojas contam com dois profissionais e oferecem um mix de até 350 produtos. “O projeto prevê a abertura de 100 lojas, e o nosso objetivo é buscar empreendedores que moram em regiões com elevado movimento comercial e conheçam os consumidores locais”, explica Bárbara Zago, diretora da Zaeli Franquias.
A franquia Zaeli é ideal para pessoas que tenham imóveis com perfil comercial e que queiram abrir o próprio negócio. Dentre as vantagens que a empresa oferece para os primeiros franqueados estão isenções nas taxas de franquia e royalties. Além disso, os estoques iniciais são financiados pela indústria e o empreendedor só pagará pelos produtos após as vendas.
Os custos iniciais para abrir o estabelecimento envolvem reforma do imóvel (cerca de R$ 100 mil), equipamentos (cerca de R$ 50 mil) e investimento em marketing de inauguração (R$ 5 mil). A previsão de faturamento é de R$ 150 mil por mês, com margem média de 15%.
Outra empresa que atua com lojas de bairro é a Ecoville, que fabrica e comercializa produtos de limpeza que ajudam a solucionar problemas em residências, comércios e indústrias. A empresa aderiu ao modelo de franchising em junho de 2016 e até agora foram comercializadas mais de 300 franquias.
“O cliente quer comodidade e, por isso, busca fazer compras próximo de casa. Não à toa, cada vez mais, surgem centros comerciais em bairros com estabelecimentos nichados, que são especializados em certos produtos, como cerveja, carnes, verduras, dentre outros itens”, explica Leonardo Castelo, fundador da Ecoville.
Para o especialista da Praxis, um passo importante para as franqueadoras de lojas de bairro, principalmente os supermercados, é a capacitação do franqueado para gerir o estabelecimento com eficiência. “É um segmento que exige uma gestão de caixa eficiente, até pelas margens pequenas, e o dono marca precisa acompanhar de perto sempre com a preocupação de repassar o conhecimento”, alerta Ribeiro.
No Brasil, dentre outras marcas que atuam com lojas de bairro, mas não necessariamente no formato de franquia, estão Dia %, Petit Mambo, Minuto Pão de Açúcar, Mini Extra, Carrefour Express e Smart.
Fonte: Exame