O segmento dos mercados pequenos, situados em bairro residencial, já representa hoje 35% das vendas do setor, segundo dados do Sebrae-SP. De olho nesse potencial, empresários investem nos “estabelecimentos de proximidade”, destinados a pequenas compras do dia a dia.
O administrador Farias de Souza, 39, comprou com a mulher, em 2015, o Empório Chelmi, no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo), após trabalhar por anos em grandes redes varejistas. “Nosso público não quer perder a manhã em um hipermercado. Somos uma espécie de despensa, as mesmas pessoas vêm aqui quase todos os dias para comprar algo”, afirma Souza.
O investimento entre compra e reforma da loja foi de R$ 1,2 milhão, segundo Souza. Ele diz que o faturamento cresce 20% ao mês. Sua estratégia para atrair clientela é vender itens menos comuns nas grandes redes populares: produtos naturais, como linhaça e sementes, importados -vinhos, massas e azeite – ou um frango orgânico já assado.
Outro diferencial do mercado é um sistema de “drive thru”, que permite fazer o pedido por telefone e retirar os produtos mais tarde. Funcionários do mercado levam as compras ao carro do cliente. Os próximos passos de Souza serão abrir novas unidades e criar um site de compras on-line para o mercado.
Segundo a consultora do Sebrae-SP Ariadne Mercate, os principais desafios para entrar nesse negócio são o investimento alto e a administração do estoque perecível. “É preciso contratar muitos funcionários, ter espaço amplo e gestão de armazenamento eficiente. Isso tudo requer capital de giro robusto.”
Uma das apostas das irmãs Mercedes e Maria del Carmen Portabales, do mercado Madrid, foi feita em produtos de marcas pequenas e artesanais, muitas delas ausentes nas grandes redes. O empreendimento tem duas unidades: uma em Higienópolis, na região central, e a outra no Paraíso, na zona sul na capital paulista.
“Temos uma relação de família com os clientes. Já aconteceu de uma idosa sumir por alguns dias e ligarmos para a casa dela para saber se estava bem. Ela estava viajando, mas ficamos preocupados”, afirma Mercedes.
Ariadne Mercate, do Sebrae, diz que o maior ativo dos pequenos é essa proximidade com o consumidor. “É um setor muito pautado na confiança. Por conhecer os clientes, os donos entendem melhor seu público-alvo”, afirma.
Depois de pesquisar os desejos dos clientes em conversas, a empresária Gisella da Costa, 39, do Compraki, em Campos Elíseos, decidiu aumentar a oferta de guloseimas importadas. “Sei quem são meus fregueses, e que eles querem biscoitos e chocolates”, diz.
Dessa forma, ela fideliza seu público, mesmo tendo unidades de grandes varejistas na mesma rua, uma em frente e outra ao lado da loja. A consultora do Sebrae recomenda também visitar os concorrentes e observar os produtos vendidos. “O empresário vai se destacar se caçar diferenciais”, diz.