Os números indicam uma tendência no negócio de livros no Brasil: a migração das livrarias físicas para as virtuais – um processo demorado e pouco admitido pelos próprios varejistas.
Nos Estados Unidos, isso já é uma realidade desde 2013, quando uma pesquisa da consultoria BookStats divulgou que, naquele ano, as vendas pela internet movimentaram US$ 7,54 bilhões no país, contra US$ 7,12 bilhões das lojas físicas.
A Livraria Saraiva, uma das principais empresas do ramo do Brasil, teve um prejuízo de quase quinze milhões de reais no segundo trimestre do ano passado.
Apesar da quantia exorbitante, ela foi menor se comparada com o mesmo período de 2015, quando a empresa perdeu R$ 16,8 milhões em suas operações no país.
A queda só foi menor porque as vendas dos livros online tiveram um aumento de 10,6% no mesmo período, segundo dados da própria Saraiva.
“Apesar da diferença não ser imensa, isso sugere que uma grossa camada da população americana está contente em comprar livros sem fazer isso pessoalmente”, diz um trecho de uma reportagem da revista estadunidense Engadget.
Os dados da BookStats ainda mostram que, em 2013, as vendas de e-books aumentaram 10%, indo para 512 milhões de cópias.
No Brasil, os números são mais tímidos: segundo uma pesquisa da Ebit, consultoria especializada em e-commerce no país, as vendas de livros pela internet correspondem a um terço da receita total do negócio brasileiro.
Em 2016, as livrarias online movimentaram R$ 1,18 bilhão – o que representa 30% da fatia total do mercado editorial. Levando em conta o volume de livros vendidos, elas se apequenam ainda mais: das mais de 228 milhões de cópias vendidas naquele ano, apenas 7% foram pela internet.
Os e-books – que já são um sucesso nos EUA – somam 1% de todo o negócio no Brasil. “Esse é um mercado em crescimento, mas ainda não ameaça as lojas físicas, como o mercado imaginava quando surgiram os primeiros e-readers”, explica Pedro Guasti, CEO da Ebit.
A importância do e-commerce para o setor de livros brasileiro ficou escancarada em dezembro do ano passado, quando a gigante Livraria Cultura anunciou a compra da plataforma online Estante Virtual, que promove uma ponte entre os sebos e os consumidores.
Os valores envolvidos na transação não foram divulgados, mas era conhecido no mercado editorial que as receitas da Cultura estavam no vermelho durante o ano passado.
Para o economista Carlo Carrenho, CEO do PublishNews, canal especializado no mercado editorial, o negócio foi estratégico para a Livraria Cultura se manter relevante no e-commerce nacional.
“A aquisição da Estante Virtual, portanto, permite que a Livraria Cultura dê um salto e, após um breve período de integração, tenha uma excelente plataforma de marketplace em seu arsenal, podendo competir com Amazon, Submarino e outros neste modelo de negócio – e ainda dá um passo à frente da Saraiva”, escreveu em seu blog.
Fonte: Agora Vale