Painel do Seminário Digital BTR-Varese mostra como o Brasil pode se inspirar na China para acelerar seu crescimento
“O Brasil precisa parar de regular a criatividade e começar a regular os negócios para crescer mais”. A frase da senadora Katia Abreu ilustra a mudança de mindset que é necessária para que o país se inspire no exemplo chinês e se torne uma sociedade mais justa e com mais oportunidades de negócios.
Para a senadora, que participou de um painel no Seminário Digital “China pós Covid-19: o papel da Inovação e Ecossistemas”, promovido pela BTR-Varese nos dias 21 e 22/08, o mercado chinês mostra que o Brasil precisa fazer urgentemente sua reforma administrativa. “Ele é essencial para um país melhor. A ineficiência do poder público se reflete na perda de eficiência das empresas. Com mais eficiência, a economia de gastos vem naturalmente e podemos ter uma melhor gestão dos recursos”, analisa.
Para José Galló, presidente do Conselho da Renner, para isso é preciso ter uma mudança de mindset. “Isso se faz conhecendo o que acontece em todo o mundo e colher as principais inspirações, adaptando-as à realidade brasileira, que é muito diversa e tem características únicas”, diz.
Em momentos mais complexos, a capacidade e a velocidade de adaptação se mostram ainda mais importantes, como aconteceu com os shopping centers durante a pandemia. “Nesses últimos seis meses, o setor de shopping centers transformou seu modelo de negócios, adotando novas medidas sanitárias, reorganizando as operações e se conectando com os stakeholders”, afirma Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). “Isso mostra que é possível mudar, desde que se tenha a vontade, o entendimento e a disciplina para fazer o que é preciso”, acrescenta.
A cultura também desempenha um papel muito importante. “Ela é a base em que se constroem as mudanças”, diz Tatiana Rosito, senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CBRE) e membro do Comitê Consultivo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). “Respeitando a cultura, a China realizou um planejamento de longo prazo e implementou com muita eficiência, escolhendo, segundo suas vocações, aquilo que era melhor e mais apropriado para sua realidade”, acrescenta.
A disposição para experimentar é também uma referência chinesa para o Brasil, especialmente no setor financeiro. “A experimentação é estimulada, mesmo que possa gerar riscos. Para nós, isso é estranho, mas na cultura chinesa isso é mais do que aceito”, diz Tatiana.
Isso mostra que não existe solução única. “Cada país deve criar seus ecossistemas de acordo com sua realidade. No Brasil, por exemplo, precisamos levar em conta a força das lojas físicas e sua importância no relacionamento das marcas com os clientes”, afirma Galló. “O encantamento do cliente não acontece só online: ele acontece nas lojas físicas, que têm uma função importante de socialização. Nisso, estamos mais avançados que os chineses”, compara.
Para Glauco Humai, da Abrasce, a convergência é um aspecto fundamental do presente e do futuro do varejo. “Para o consumidor, não há diferença do físico e do digital. Os shopping centers, que têm uma função muito importante de convivência e conveniência, aproveitaram a crise para digitalizar rapidamente seus negócios”, afirma.
Um bom exemplo é o delivery nos shoppings. “Antes da pandemia, 30% dos shopping centers tinham esse serviço. Hoje, são mais de 90%, e esse é um modelo que não existe em lugar nenhum do mundo”, diz. Isso mostra que, aliando conveniência, praticidade e conexão, é possível criar soluções tipicamente brasileiras, adaptadas à realidade do consumidor local, mas inspiradas na digitalização dos negócios do outro lado do mundo.
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Fonte: BTR-Varese