Há 40 anos no Brasil, a tradicional rede varejista de artigos de viagem Le Postiche embarca no processo de digitalização de suas operações. O objetivo do recente projeto virtual da marca é alavancar as vendas dos canais online e físico por meio do conceito de omnichannel e criação do marketplace dentro do e-commerce do negócio.
“Começamos essa iniciativa neste ano. Nossa expectativa é que as vendas aumentem em 20% com a introdução do marketplace em nossa plataforma, embora isso deva acontecer em etapas”, explicou a presidente da Le Postiche, Alessandra Restaino. Ainda de acordo com ela, a ideia é introduzir a participação de fornecedores que tenham produtos complementares ao portfólio online da companhia.
“Estamos já em fase de negociação com alguns parceiros”, diz Alessandra. Segundo ela, o e-commerce do negócio – existente desde 2007 – tem crescido anualmente entre 25% e 30% em relação ao volume de vendas. Em virtude desse incremento, a plataforma passou por mudanças – como por exemplo a possibilidade do cliente personalizar o produto. Esse investimento nos canais online, segundo Alessandra, se reverterá também num aumento do percentual de participação destas plataformas nas vendas totais da marca. Atualmente, a plataforma virtual é responsável por 10% do total de itens comercializados pela rede varejista – fatia a qual “deve apresentar crescimento no longo prazo.”
No que diz respeito ao tíquete médio gasto pelos clientes na plataforma online, a executiva indica valores na casa dos R$ 270; já nas lojas físicas, a média de despesas fica em R$ 210. Além disso, o processo de integração entre as operações físicas e digitais – no qual o cliente pode comprar no site e retirar o produto na unidade mais próxima – vai exigir um remanejamento na logística da marca, diz Alessandra, sem dar mais detalhes. “Ainda pretendemos lançar aplicativo próprio, mas esse não é um plano no curto prazo”, complementou ela.
Lojas físicas
Atrelado aos investimentos e ampliação do alcance virtual da marca, a executiva afirma que os negócios físicos também vão se expandir.
“Contando só as nossas lojas próprias, o foco é na Região Sudeste, especialmente no eixo Rio-São Paulo”, afirmou Alessandra, ressaltando que – por meio da abertura de 20 novas lojas – a marca deve encerrar o ano de 2018 com 250 unidades físicas, entre franquias e operações próprias. No ano passado, a rede faturou cerca de R$ 450 milhões.
Com isso, a presidente da marca explica que, de acordo com a localidade da loja física, existe um sortimento diferente e estratégias de marketing específicas. “Por exemplo, percebemos que é mais atrativo realizarmos ações promocionais e de parcelamento para o público da classe C. Já para clientes A e B, existe um trabalho mais focado no conceito de branding”, explica Alessandra. Ela exemplifica essa última estratégia mencionando uma parceria que a rede realizou com a empresa suíça de cutelaria e artigos de viagem Vitorinox.
Dólar batendo à porta
Questionada sobre os efeitos da recente escalada do dólar nas operações da marca, a executiva reconhece que o aumento de preços é inevitável, tendo em vista a dependência do setor como um todo na importação de produtos do mercado asiático.
“Vamos sentir os impactos, sim. Temos buscado alternativas para essa readequação dos preços dos nossos produtos, com o mínimo possível de repasse”, disse. Segundo ela, já estabelecer um percentual referente a esta alta ainda é algo imprevisível.
“A fonte de fornecimento do setor é estrangeira, um dos únicos materiais nacionais é o couro. Só vamos ter uma visão mais clara sobre esse aumento quando começarmos a nacionalizar esses itens”, afirmou Alessandra ao DCI.
Fonte: DCI