Um aval gratuito de Lady Gaga é uma ótima maneira de iniciar uma incursão pelo mercado dos Estados Unidos mesmo que pareça que o panorama do varejo de lá poderia se transformar em uma espécie de deserto.
A cantora e ícone da moda publicou pelo Instagram no sábado (9) fotos suas posando em Dallas com um par de sapatos de couro de salto alto da Schutz. Enfrentando uma emergência da moda considerando os quase 27 milhões de seguidores de Gaga, a brasileira Arezzo Indústria e Comércio, proprietária da marca Schutz, rapidamente encheu um avião e mandou-o para os EUA.
Mandaremos “o que for necessário”, disse Daniel Levy, diretor financeiro da Arezzo&Co, em uma entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. Ele também citou Kate Middleton e Gigi Hadid como fãs da Schutz. “Não pagamos”. Um post como o de Lady Gaga, disse ele, “valeria US$ 100.000”.
O momento não poderia ser melhor para a Arezzo&Co, que tem uma equipe de 25 pessoas em Nova York e está prestes a abrir suas duas primeiras lojas da Schutz, provavelmente na Costa Leste, em 2018.
É uma jogada ousada em um momento em que outros varejistas estão fechando dezenas de lojas — Michael Kors poderia chegar a fechar 125 — e rivais como Kate Spade estão sendo devorados. Além disso, a previsão deste ano para as vendas no varejo dos EUA foi reduzida pela Federação Nacional de Varejo depois que o Departamento de Censo do país alterou os valores de renda pessoal e consumo.
No entanto, a Schutz tem certeza de que este é o momento e o lugar certo para fazer uma aposta.
“Estamos sólidos financeiramente. Somos um forte gerador de caixa e temos uma estrutura extremamente eficiente de capital de giro”, disse Levy.
A marca Schutz já é vendida na Nordstrom e em lojas multimarcas de Beverly Hills e Nova York. No ano que vem, a Arezzo&Co abrirá pelo menos duas lojas na Costa Leste, possivelmente no shopping de Short Hills, em Nova Jersey, e no Aventura Mall, na Flórida. Se essas lojas tiverem um bom desempenho, a Arezzo vai redobrar o empenho em 2019. Segundo Levy, a marca é melhor que Steve Madden e mais barata que Stuart Weitzman.
A marca Schutz é comercializada nos EUA há cinco anos, mas os contratos iniciais com lojas de departamento colocaram a empresa em desvantagem. Ela foi obrigada a engolir descontos e teve pouco controle. No ano passado, negociou um novo acordo com a Nordstrom — que deu à Arezzo&Co mais controle do espaço em loja — e chegou a 20 pontos de venda até o final do mês passado, mais de um ano antes do programado.
“Temos visão positiva nesse novo investimento nos EUA”, disse Guilherme Bauer, analista de ações da FAMA Investimentos, por telefone. “Acreditamos que tem esse espaço lá, embora não seja fácil, execução complicada, mercado competitivo, mas achamos que estão fazendo da maneira certa”.
Fonte: Valor Econômico