Depois de três anos de estudos de mercado, a rede francesa Kiabi, que pertence à família Mulliez – que também é dona das redes Leroy Merlin, de materiais para construção, e Decathlon, de artigos esportivos – vai iniciar sua operação no Brasil em agosto. A primeira loja, de 1,5 mil metros quadrados, será aberta no Shopping Ibirapuera, em São Paulo, em agosto. Em cinco anos, o objetivo é chegar a 40 unidades, com atuação em vários Estados.
A visão da Kiabi para o País é de longo prazo, disse ao Estado o presidente global da empresa, Nicolas Hennon. O executivo diz estar ciente de que o passado recente não se mostrou favorável às redes de fast-fashion internacionais no Brasil. Entre as que chegaram nos últimos cinco anos, a americana Gap enfrentou dificuldades com o parceiro comercial nacional – o grupo GEP, que entrou em recuperação judicial em 2016 –, enquanto a britânica Top Shop acabou desistindo do País após pouco mais de dois anos.
O Brasil será a primeira operação da Kiabi no continente americano. Criada em 1978, a marca tem cerca de 300 lojas na França, onde é a segunda maior rede de vestuário e líder no segmento de jeans de baixo custo, segundo a consultoria Euromonitor. A cadeia, de preços populares, tem 500 unidades em 15 países, a maioria deles na Europa. Nos últimos anos, a empresa tem aberto unidades em países em desenvolvimento, como a Argélia.
De acordo com Hennon, para definir sua estratégia no Brasil, a Kiabi consultou as marcas do grupo que já atuam por aqui – Decathlon e Leroy Merlin. Apesar de as empresas da família Melliez terem gestão independente, o presidente da Kiabi explicou que existe um programa transversal de trocas de ideias e de treinamento entre os executivos do conglomerado.
A expansão internacional da Kiabi está seguindo diferentes modelos – em alguns países, a empresa está usando o modelo de franquias, mas, no Brasil, optou-se pela operação própria, de acordo com Hennon. Por enquanto, a companhia importará os produtos de todos os departamentos da França. Além das unidades físicas, a companhia também terá um site de e-commerce brasileiro.
Para enfrentar os fortes concorrentes locais, como Renner e Riachuelo, que estão em fase de expansão em vendas e voltaram a acelerar a abertura de lojas, a Kiabi promete oferecer um atendimento consultivo ao consumidor. “A prioridade do funcionário é atender o cliente, orientar a compra”, diz César Sandoval, líder de expansão internacional da rede Kiabi.
Desafio. Para Edson Daguano, da consultoria Consultive Branding, a Kiabi tem um caminho ladeira acima a percorrer no Brasil. O especialista diz que, mesmo a Zara, referência de êxito de redes internacionais por aqui, teve um início difícil. “O período de adaptação é de três a cinco anos. As referências de cores e tamanhos no Brasil são bem diferentes das europeias.”
Fonte: Estadão