Por Paulo Gratão |Até o final do ano, a tradicional rede de frango frito KFC, que por aqui é administrada pela International Meal Company (IMC), pretende abrir cerca de 40 restaurantes no Brasil, sendo que cerca de vinte devem ser comandados por franqueados. O ano de 2023 também marcará a estreia da rede em lojas de rua, e a ideia é abrir caminho para a primeira loja drive-thru, que deve ser inaugurada em São Paulo no primeiro semestre de 2024. O formato já é dominado por concorrentes, como McDonald´s e Burger King. Em até dez anos, a rede pretende inaugurar mais 400 unidades no país.
Atualmente, o KFC tem 160 lojas em operação no Brasil, sendo que 30 foram abertas no ano passado. Do total, 85 lojas são de operação própria. Assim como boa parte do setor de fast-food, a marca precisou se reinventar na pandemia, e hoje o delivery já representa 28% das vendas nas lojas.
Nos últimos anos, a marca multinacional ganhou bastante concorrência no mercado brasileiro. Além da conterrânea Popeyes, que é controlada pela Zamp, máster-franqueada do Burger King, diversas marcas nacionais passaram a se expandir, como Frango no Pote, Chicken & Beer e Chicken Town. Porém, Ricardo Azevedo, diretor-executivo de Operações e Desenvolvimento da Pizza Hut e do KFC Brasil na IMC, não vê o acirramento da concorrência como um problema. “O mercado é muito grande, tem espaço para muita gente. Mas nosso foco é continuar liderando essa categoria”, diz.
O investimento para a abertura de uma franquia do KFC é de a partir de R$ 2 milhões, variando de acordo com implantação, previsão de vendas e modelo de loja, que pode ser o Express (para praças de alimentação em shopping center), In-Line (loja de rua, áreas comerciais e locais de grande circulação) e FSDT (o novo modelo, com amplo espaço para consumo no salão e drive-thru, a ser lançado ano que vem), com contratos de dez anos e retorno estimado em 48 meses. Para as lojas de rua, o aporte necessário é de a partir de R$ 4 milhões.
O foco de expansão são as regiões Sul e Sudeste, e a ideia é mirar em franqueados operadores, que conheçam o mercado de fast-food. Uma das estratégias para acelerar o crescimento nos próximos anos será fechar contratos de desenvolvedores de área. “Procuramos franqueados que queiram ter relação de longo prazo, que não queiram ter uma só loja”, diz o executivo.
Dessa forma, um empreendedor poderá se comprometer a abrir uma determinada quantidade de lojas na região de atuação. “Já temos alguns [desenvolvedores de área] e queremos mais, pois traz uma maior segurança para os franqueados”, diz Azevedo. Um modelo similar de expansão foi adotado por outras redes internacionais para crescer no Brasil.
Para essa nova fase, a IMC montou uma diretoria de franquias para cuidar do passo a passo da expansão, abertura de lojas, suporte e resultados dos franqueados. A meta, segundo Azevedo, é ser reconhecida como uma “excelente franqueadora”. De acordo com ele, a iniciativa veio após o feedback dos próprios empreendedores que já estão na rede. “Queremos crescer no formato certo, tamanho certo, ponto certo e com o franqueado certo”, define. Como a empresa está em período de silêncio, ele não revelou o investimento necessário para a reestruturação.
No final do ano passado, a IMC renovou o contrato com a Yum! Brands, dona do KFC nos Estados Unidos, para mais dez anos de parceria. A empresa assumiu a gestão da marca no Brasil em 2019, após a fusão com a MultiQSR, de Carlos Wizard Martins.
O KFC teve três “estreias” no Brasil. Reportagens apontam que a primeira incursão da marca por aqui foi nos anos 1970, sem sucesso. Depois, uma nova aposta foi realizada nos anos 1990, quando a rede chegou a ter mais de 20 lojas. A última aposta foi no começo dos anos 2000. Nessa passagem, ela chegou a ser controlada pelo BFFC, grupo dono do Bob’s; depois, em sequência, pela própria Yum! e pela família Martins. Mais tarde, chegou à IMC.
Especialistas contam que a rede precisou se adaptar ao jeito brasileiro na oferta dos produtos. Azevedo, da IMC, diz que o Brasil demandou inovações da marca pensadas para o mercado local, como a forte aposta em sanduíches.
“Ao longo dos últimos anos entendemos que não só precisaríamos continuar liderando o mercado de balde, de pedaços, de filé, mas entregamos um portfólio de sanduíches de frango. Foi nosso grande acerto nos últimos anos para o mercado brasileiro. Desenvolvemos praticamente uma linha para os brasileiros focada em sanduíches.”
Atualmente, o tíquete médio nas lojas do KFC está em torno de R$ 45. Azevedo diz que a rede precisou acomodar os impactos inflacionários, assim como todo o setor de alimentação. Negociações com fornecedores e adaptações no modelo de negócio foram algumas das saídas encontradas. “Os parceiros entendem que KFC vai crescer muito e conseguimos negociações muito vantajosas.”
Além do KFC, a IMC controla as marcas Frango Assado, Pizza Hut, Viena, Olive Garden, Batata Inglesa, Brunella, Margaritaville, entre outras. A receita líquida em 2022 foi de R$ 2,3 bilhões.
Fonte: PEGN