O prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter tirado do bolso ao menos R$ 2,9 milhões para investir em sua campanha. Mas nem só de recursos próprios foi custeada a jornada do tucano até a vitória no primeiro turno neste domingo (2): outros R$ 2,2 milhões vieram de contribuições de pessoas físicas, muitas delas de empresários.
Fundador do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), que se proclama a maior organização empresarial do país, Doria arrecadou menos com doações em números gerais do que os adversários no pleito Fernando Haddad (PT) e Marta Suplicy (PMDB). Se as contribuições foram mais modestas em valores, chama a atenção, em contrapartida, a quantidade e variedade dos contribuintes. Há empresários, por exemplo, dos ramos mais distintos.
O maior valor recebido por Doria foi de R$ 120 mil. A quantia foi transferida para a conta tucana por Renato Feder, em 20 de setembro. Feder é um dos donos da Multilaser, uma empresa do segmento de eletrônicos com faturamento na casa do bilhão. O empresário se diz engajado politicamente e criou até um site em que coloca senadores e deputados federais em um ranking de qualidade para “incentivar uma melhoria no panorama político”, como define a página.
Outros três empresários, com doações de R$ 100 mil cada, aparecem entre os principais contribuintes de Doria. São eles: Roberto Baumgart, herdeiro da Vedacit e fundador dos shoppings Center Norte e Lar Center; Lucília Diniz, irmã de Abilio e sócia do Grupo Pão de Açúcar; e Elie Horn, dono da construtora Cyrella, que figura como o maior “filantropo” na prestação de contas do TSE, já que havia dado dinheiro também para as campanhas de Marta, Haddad e Celso Russomanno (PRB).
Waldemar Verdi Junior, presidente do conselho da multisetorial Rodobens, e a irmã, a também empresária Rosy Verdi, foram outros importantes investidores da campanha. No programa televisivo sobre negócios que apresentava na Bandeirantes, Doria chegou a entrevistar Waldemar em 2011. Na ocasião, se declarou “fã” da família Verdi. A admiração foi retribuída em um voto de confiança com o depósito de mais R$ 100 mil na conta tucana.
A diversidade dos contribuintes não para por aí. A lista de empresários é extensa e vai adiante. Sônia Hess de Souza, responsável pela grife de roupas Dudalina, e Luiza Helena Trajano, que comanda a rede de lojas de varejo Magazine Luiza, também colaboraram com R$ 80 mil e R$ 50 mil, respectivamente, para a arrancada de Doria no pleito municipal.
Luiza ainda distribuiu quantias, em menor valor, para as campanhas de Haddad (R$ 20 mil) e Marta (R$ 15 mil). O empresário Antranik Kissajikian, do ramo de construção, foi outro a optar por dividir os incentivos para mais de um candidato a prefeito. Os beneficiários, neste caso, foram Doria (R$ 20 mil), Russomanno (R$ 10 mil) e Marta (R$ 39 mil).
Ao todo, Doria já havia acumulado, até 1º de outubro, R$ 7,2 milhões para sua campanha, entre doações de pessoas físicas, investimento partidário e quantias depositadas do próprio bolso. O valor é disparadamente o maior arrecadado entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Haddad, o segundo que mais recolheu recursos, parou na casa dos R$ 5 milhões, e Henrique Áreas (PCO), a título de curiosidade, declarou não ter recebido nem um centavo.