Até pouco tempo atrás vista como ficção científica, a internet das coisas já assume funções cotidianas com aplicações na indústria, no varejo e no controle da saúde.
Sensores para monitorar condições físicas de pilotos de avião e motoristas de frotas, dispositivos para avaliar desempenho de carros, medidores de estoque e pontos de entrada de expediente acionados por impressão digital são alguns dos produtos que estão sendo ofertados no Brasil por companhias de tecnologia nacionais e estrangeiras.
Nesta semana, a Oi lançou na Futurecom 2016, evento do setor realizado nesta semana em São Paulo, um produto chamado Oi Smart, que é uma plataforma de automação para a criação de “ambientes inteligentes”, como define a empresa.
Trata-se de um conjunto de equipamentos de segurança já conhecidos do consumidor, como câmeras, alarmes, sensores de movimento e biometria. A diferença é que eles são conectados uns aos outros em uma única plataforma, podem ser programados e transmitem informações ao usuário por meio do celular ou do computador.
Uma das modalidades foi pensada para ser acessível a pessoas físicas, por R$ 49 por mês mais 12 parcelas de R$ 99. Mas existe também uma versão mais elaborada, que a Oi recomenda para pequenas empresas e comércios. O lançamento está disponível para clientes do Rio de Janeiro e deve chegar ao resto do país em janeiro.
“Pode ser usado na gestão de ponto de empregados domésticos, para monitorar animais de estimação ou na segurança de pequenas empresas”, diz Maurício Vergani, diretor da Oi.
Segundo pesquisa da Ovum, especializada no setor, o mercado potencial de ambientes inteligentes no Brasil é estimado em US$ 400 milhões neste ano.
Soluções para otimizar custos em comércios, indústrias e até em residências é uma das apostas da PromonLogicalis e da AES Ergos. Por meio de sensores instalados em quadros de energia de um estabelecimento, por exemplo, a iniciativa desta parceria visa monitorar o consumo energético de cada aparelho conectado à rede elétrica. As informações são apresentadas por meio de gráficos em monitores e, com essa tecnologia, é possível estabelecer metas e trocar aparelhos com mau desempenho.
Já no ramo do varejo, a PromonLogicalis apresenta uma etiqueta magnética que, em contato com um leitor óptico instalado acima do produto, oferece informações em um monitor sobre a mercadoria -no caso de roupas, tamanhos disponíveis em estoque, informações técnicas e até itens que possam combinar com aquela peça. Para Lucas Pinz, diretor de tecnologia da PromonLogicalis, a ideia é trazer mais facilidade ao consumidor e tornar a gestão de estoque mais controlada. “Você não precisaria ficar chamando um vendedor em todo momento que tiver uma dúvida.”
Outro destaque da empresa é o monitoramento do desempenho de um carro e dos motoristas. Por meio de um dispositivo conectado ao automóvel, é possível obter dados como média de velocidade, índices para manutenção de peças, mostrando o momento de trocá-las. O modelo já está sendo implantado em uma locadora de automóveis para que a empresa tenha mais controle sobre a frota e o desempenho dos motoristas que alugam esses carros. “É possível ver se a pessoa está dirigindo muito acima da velocidade e adverti-lo por meio de mensagens no celular, por exemplo”, afirma Pinz.
NA SAÚDE
A Nokia, que comprou a francesa Withings em maio deste ano, apresentou opções de portfólio que expandem sua atuação para a área de saúde. Termômetro que não precisa encostar na pele, balança que dispõe de monitoramento cardíaco, apresentação de índices de gordura e de água no corpo, além de um relógio que monitora o ritmo do coração e contabiliza a distância percorrida, o número de passos e a quantidade de calorias gastas são soluções apresentadas.
Todos essas informações coletadas pelos dispositivos são armazenadas e apresentadas por meio de gráficos por meio de um aplicativo. Assim, o usuário tem um controle maior sobre suas condições físicas.
Nokia e Withings ainda buscam parceiros para comercialização no Brasil desses produtos, que já são vendidos na Europa
A Everis, empresa do grupo japonês NTT, tem conversado com companhias brasileiras para desenvolver aplicações para um produto conhecido no Japão como Hitoe, uma camiseta esportiva equipada com um sensor que mede os batimentos cardíacos, a pulsação, o estresse e a postura do usuário.
O que a diferencia de outros aparatos como relógios que medem pulso é um transmissor, que envia as informações em tempo real a um interlocutor, que pode ser um médico, um familiar ou o empregador, segundo Adolfo Cuenca, sócio da Everis no Brasil.
Lançado há cerca de dois anos no Japão, o Hitoe (uma referência a humano eletrônico, na língua japonesa) já está sendo vendido para consumidores finais no país asiático por US$ 90 pela camiseta mais US$ 100 pelo transmissor.
Nos Estados Unidos, o produto já é aplicado no monitoramento de pilotos de Fórmula Indy. Também está em testes em companhias aéreas para o acompanhamento de pilotos, além de outras aplicações voltadas à segurança do trabalho e demandas de empresas de saúde.