O uso de informações geradas por sensores e smartphones está ajudando os shopping centers a obterem dados úteis para as áreas de marketing, vendas e operações. As plataformas disponíveis empregam desde beacons, pequenos dispositivos para captação de dados de smartphones via bluetooth, até câmeras de monitoramento e roteadores wi-fi.
Os dados ajudam a entender o perfil dos usuários, seus percursos dentro dos shoppings e trazem para o varejo físico a mesma lógica da inteligência já madura no e-commerce. A empresa de desenvolvimento Fulllab, especializada em varejo, criou solução suportada por beacons para monitoramento de clientes e disparo de mensagens reforçada pelos dados de consumo reunidos na plataforma de gerenciamento de dados (DMP) BoostBox, que conta com mais de 80 milhões de usuários únicos agrupados em 150 segmentos (clusters).
A novidade permite enviar ao visitante do shopping uma oferta de um produto que ele tenha procurado on-line, diz Pedro Vasconcellos, sócio da Fulllab – que também desenvolveu solução para shoppings físicos criarem marketplaces virtuais, com validação de pedidos nas lojas físicas.
Segundo Vasconcellos, o desafio, no caso dos beacons, é promover a adesão de lojistas para criação de ofertas e estimular os consumidores a instalarem o app do shopping e manterem a conexão bluetooth ativa. A aliansce testa soluções baseadas em beacons e conexões wi-fi deste tipo para entender a vida do cliente dentro do mall e identificar oportunidades como reorganização da localização de lojas e exploração de concentrações em horários de pico.
Os dados são cruzados também com informações sobre vendas dos lojistas. “Dados sobre o comportamento dos clientes por horário, vendas e ocupação rendem inteligência para mexer em mix, manutenção e eventos”, diz o superintendente de TI Fábio Moraes.
Além de dados extraídos das conexões wi-fi, a rede implantou a plataforma Fulllab no Parque Shopping Belém (PA), empregando dinâmica de gamificação para envio de mensagens com ofertas para clientes que percorressem determinadas áreas, por exemplo.
Agora estão sendo estudadas novas formas de atrair clientes para dentro das lojas, por meio de ações como cuponagem e participação em marketplaces de lojistas consagrados, dando ao shopping o papel de hub de entrega com contrapartida em participação nas vendas. A rede também investe na substituição de aplicativos mobile por aplicativos web para ampliar o engajamento dos consumidores.
O Magazine Luiza também usa beacons para monitorar o fluxo de clientes em lojas estratégicas, de forma itinerante. Além de atestar o resultado de ações de marketing, são enviadas notificações para os clientes que estão nas lojas e têm o aplicativo instalado no celular.
Já a desenvolvedora Seed, que nasceu em 2014 com apoio dos fundos alemães utilizando tecnologias como sensores de imagem 3D para identificar fluxo e perfil de consumidores, passou a incrementar o emprego de roteadores wi-fi capazes de medir a movimentação de usuários com base em seus celulares – a tecnologia barateou o sistema e trouxe informações como a quantidade de consumidores novos ou frequentes.
A empresa tem mais de 4 mil lojas, de marcas como Centauro, Ponto Frio, Casas Bahia, O Boticário, RIhappy e Arezzo, além de 20 shoppings entre seus clientes, como Cidade Jardim, SP Market e os do grupo Gazit, entre outros. “Os lojistas saíram na frente. Já houve caso de shopping que nos procurou porque um lojista exigiu o serviço como condição para colocar sua loja”, diz Francisco Forbes, presidente do conselho, co-fundador da Seed e da Infracommerce – o outro sócio e atual CEO da empresa é Sidnei Raulino, ex-Westfield Almeida Júnior.
A análise fornecida pela empresa sobre o comportamento do consumidor inclui de contagem de acessos totais até cortes por portas, corredores, percursos, mapa de calor e períodos, além de perfil por sexo e faixa etária e cruzamentos com dados externos, como medidores climáticos
Fonte: Valor Econômico