De onde vem uma ideia? A fonte para uma inspiração pode variar. Não há regras para isso. Contudo, olhar para fora, observar outros contextos e tentar aprender com o outro são caminhos que podem levar as empresas ao sucesso. Não por acaso, um dos primeiros paineis do BR Week 2017 traz o tema “Quebrando regras: o que o varejo pode aprender com outras empresas inovadoras?”.
No painel, mediado pelo CEO do Grupo Padrão, Roberto Meir, algumas empresas que não são do segmento varejista se reúnem para comentar desafios e experiências. Particiam do painel Daniel M. Velazco-Bedoya, general manager Brazil da Cabify; Alexandre Brito, vice-presidente de novos negócios da Mastercard; Bruno Belardo, vice-presidente de estratégia do BuzzFeed; Alan Chusid, diretor comercial e negócios do Banco Neon e Pedro Reiss, co-CEO da F.biz.
“Neste painel, queremos comentar sobre a consistência de empresas que estão fazendo diferente no Brasil”, afirma Meir. Primeiro convidado a falar no painel, Belardo comenta sobre o Tasty, um produto que vai além do BuzzFeed. Se você usa o Facebook, certamente já viu as mãozinhas que ensinam a cozinhar. “Ele funciona no modelo mobile first”, comenta. “A inovação está muito dentro de olhar as necessidades das pessoas”.
Brito, por sua vez, comenta que, por mais que o serviço e uso da Mastercard já sejam certos, é preciso ter cuidado no segmento porque lidam com dados e dinheiro das pessoas. “Fizemos uma mudança na empresa, abrindo o mundo MAstercar para as empresas. Além disso, criamos hackatons internos”. A ideia é colocar desafios para as pessoas, em que elas criam protótipos que precisam ser aplicados em três meses.
Um exemplo que ele cita é uma lavanderia americana que queria mudar a forma de pagamento. Em uma semana, a Mastercard substituiu as moedinhas costumeiras por um modelo completamente digital e seguro.”Mudamos internamente e externamente”, comenta Brito.
Em seguida, Meir destaca o fato de que o Cabify desafiou o mercado do Uber. Bedoya, então, comenta que o transporte existe há décadas – contudo, agora há uma nova demanda. “A Cabify entra em um mercado agressivo, mas não buscamos comoditização”, explica. Na verdade, eles querem investir em segurança e qualidade – e de fato já o fazem.
O Banco Neon, por sua vez, representado por Chusid, nasceu a partir de uma experiência ruim do fundador com um outro banco. “O objetivo do Neon é diminuir a fricção dos clientes com o serviço das empresas”, afirma o diretor comercial e de negócios. “Esse é um problema que alcança todas as pessoas, seja qual for o poder aquisitivo”.
Reiss, por sua vez, comenta que vê nos clientes das pessoas uma falta de compromisso com o passado – o que é positivo. “Nascemos em 1999 e não éramos uma agência”, lembra. “De lá até aqui, mudamos muito nosso modelo de negócio”. O que move a empresa, de acordo com ele, é solucionar problemas e ser melhor do que o que já existe – o status quo. “A inovação é uma atitude de pessoas inconformadas”, argumenta.
Gestão de dados
Meir ressalta que a análise e gestão de dados são fundamentais, assim como a eliminação de atritos no relacionamento com o cliente. A isso, une-se o inconformismo. São três fatores citados pelos painelistas. “Dentro do desenvolvimento de produtos e serviços, como a inovação pode gerar impacto?”, questiona.
Dentro do BuzzFeed, o segredo da resposta é a falta de medo de arriscar – algo que Belardo acredita que não faz parte da cultura brasileira. “É importante errar, perceber rápido que houve um erro e aprender com o erro”, diz. Brito, por sua vez, conta sobre uma ferramenta desenvolvida pela empresa que muda o modelo de prestação de serviço de restaurantes – e esse é um bom exemplo do que pode ser adotado pelas empresas.
Bedoya, por sua vez, destaca a importância do foco e da capacidade de gerar conhecimento. “A perda de foco representa perda de tempo”, ressalta. Criar conhecimento, por sua vez, é entender por que errou, como melhorar e se essa solução precisa de um outro caminho, ou se precisa ser abortada. “Também há muitos erros no sentido de investir 80% da equipe em uma nova operação, deixando o básico de lado”, destaca.
Chusid destacou o quanto é fácil acordar todos os dias e fazer a mesma coisa. “Inove em algo que você faz todos os dias, mas poderia fazer melhor”, afirma. “Nossa ideia é sempre incentivar as pessoas a fazer as coisas de uma maneira de mais qualidade”. E questiona: “para que deixar para amanhã se você pode fazer hoje? Você pode errar, mas só vai errar se tentar”.
Como exemplo, ele conta que recebeu um diretor de um grande banco que ficou encantado com o cartão usado pelo Neon. Inconformado, enviou uma mensagem para o time, pedindo algo tão bom quanto aquele cartão. E recebeu uma enfática resposta do funcionário: “estamos tentando mudar o local do logo da empresa há meses e você não aprova, imagine se tentássemos mudar tanto!”. Esse é um grande retrato do enfrentamento que sofre a inovação.
Brito aponta ainda que mudar uma cultura que já existe é muito difícil – principalmente para empresas já estabelecidas. “A mudança precisa vir do topo”, defende. “Precisamos, também, contratar as pessoas certas. Se você não mudar as pessoas, as empresas não mudam”.
Origem
Meir pergunta, então, se inovação parte de um time ou de cultura. Reiss defende que inovação é atitude, mas precisa ser patrocinada pela liderança. O executivo da Cabify, por sua vez, diz que o ambiente, a cultura e o exemplo são fundamentais. “Ouçam bastante, abram o coração para ouvir as oportunidades, não criem preconceitos sobre novas ideias e testem”, sugere. Bedoya diz que estruturação é fundamental para que as pessoas saibam que estão trabalhando em prol de algo. Brito destaca que inovação pode ser alguns ajustes que podem ampliar a eficiência. Belardo, por fim, afirma que a inovação precisa ter um objetivo final muito claro, além de conhecimento do problema.
Por fim, o CEO do Grupo Padrão ressalta cinco pontos que precisam ser um foco das varejistas, de acordo com o painel:
1. Não ter medo de errar
2. Mudar o modelo de negócio
3. Ter foco
4. Estimular as pessoas
5. Tomar decisão
Fonte: Novarejo