De acordo com os dados de cadastro de associados da Ascoferj (Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro), o estado do Rio de Janeiro conta com 5.500 farmácias e drogarias. Já a Região Sul Fluminense, onde está inserido o município de Volta Redonda, tem cerca de 400 estabelecimentos. Desses, cerca de 120 pertencem às grandes redes, 50 são de médio porte e o restante, cerca de 230, são “independentes”.
Mas para enfrentar tamanha concorrência com as grandes redes, os donos de farmácias independentes apostam no serviço diferenciado e na confiabilidade de seus clientes para se manterem no mercado.
Atuando há 21 anos no comércio e sempre no mesmo endereço, o comerciante Rogério Amaral acredita que seu crédito está relacionado à confiabilidade e fidelidade dos clientes.
– No meu caso, a expansão das grandes redes de drogarias não influenciou. Em grande parte devido ao conhecimento por parte dos clientes. Vendemos todos os produtos, com exceção dos controlados, por falta de demanda, como também não realizamos assistência farmacêutica, apesar de termos um farmacêutico. As vendas dos grandes não me atrapalham e também não me preocupo com elas. As minhas vendas reduziram não por causa das redes e sim pelo momento econômico. E mesmo sendo um comércio pequeno, consigo fazer uma boa negociação com as distribuidoras de remédios e perfumarias – destaca.
A manicure Edite Ferreira gosta de comprar na farmácia de Amaral por causa do atendimento e dos descontos oferecidos. “O preço é competitivo e sempre com desconto, mas o atendimento é o que mais me atrai a esta loja”, destaca.
Segundo o comerciante Eduardo da Silva Costa, proprietário de uma loja no bairro Voldac, a maior dificuldade que ele e outros comerciantes de farmácias independentes enfrentam é que os descontos oferecidos pelos laboratórios são bem menores que os oferecidos as grandes redes.
– Nós tentamos fazer o possível para cobrir os preços das grandes, mas às vezes fica difícil competir, por isso procuro focar no atendimento para servir melhor meus clientes. A fidelidade dos clientes é o grande trunfo das pequenas farmácias e que geralmente são compostos por moradores, amigos e vizinhos. A expansão das redes me preocupa muito, mas não me sinto ameaçado. Cerca de 80% das mercadorias comercializadas nas redes eu também comercializo, lembrando que 60% do meu faturamento vêm de medicamentos e 40% é de perfumaria – afirma.
Para o presidente da Ascoferj, Luís Carlos Marins, a falta de uma gestão eficiente e a dificuldade das farmácias independentes atuarem com questões ligadas à alta carga tributária são os vilões. Já o presidente interino do Sindicato do Comércio Varejista de Volta Redonda (Sicomércio-VR), Alberto Lass, acredita que cada farmácia tem seu perfil. Ele acrescenta que nos bairros mais longe dos centros, elas continuam fortes. “Hoje, uma das principais dificuldades do comércio em geral, é fidelizar o cliente e conseguir bons preços. Isso acontece também com as farmácias que são independentes, mas elas têm outro atrativo, porque muitas delas funcionam nos bairros e conhecem seus clientes, criam formas de pagamentos como crediário, por exemplo. Hoje, os laboratórios também investem em preços melhores de revenda para o setor, tentam criar formas de vendas, com descontos, entre outras, mas o preço pode ser um grande desafio, sim”, afirma Alberto.
Fonte: Diário do Vale