Por Alessandra Saraiva | Incertezas em relação a indicadores macroeconômicos ligados ao consumo, principalmente da renda do emprego, derrubaram a confiança do varejista em fevereiro, afirmou Georgia Veloso, economista da Fundação Getulio Vargas. Ela fez as observações ao comentar a queda de 1 ponto no Índice de Confiança de Comércio (Icom) de fevereiro, para 89,5 pontos, anunciada nessa quarta-feira (28) pela FGV.
A técnica disse que a cautela maior do empresariado do varejo em fevereiro se deve a dúvidas em relação à continuidade, no longo prazo, do atual quadro favorável ao consumo.
O mercado de trabalho apresenta sinais positivos, o que confere melhores resultados à renda do trabalho e, por consequência, ao poder aquisitivo do consumidor, observou. Ao mesmo tempo, indicadores de inflação sob controle levam a um espaço melhor no orçamento para novas compras. E o menor patamar de endividamento, ante mesmo período de ano anterior, oferece melhores condições para novas compras no varejo, admitiu Veloso.
“Observamos que [antes do recuo em fevereiro] houve três altas [no Icom]. As duas últimas altas foram impulsionadas por expectativas. E agora aconteceu essa reversão [nas expectativas]”, afirmou a economista.
Georgia Veloso detalhou que o Índice de Expectativas (IE), um dos dois sub-indicadores componentes do Icom, caiu 5,3 pontos em fevereiro – enquanto o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 3,4 pontos, no mês.
“Essa queda em fevereiro no indicador, nas expectativas, conseguimos perceber que existe essa incerteza, essa oscilação nas perspectivas do comércio – ligada aos indicadores macroeconômicos relacionados ao consumo”, explicou.
Outro aspecto citado por ela, para ser acompanhado nas próximas apurações do Icom, é o fato de que, mesmo com respostas favoráveis relacionadas ao momento, a fatia de empresas do varejo que apontavam demanda insuficiente em fevereiro foi relativamente alta. Essa proporção atingiu 31,4% média móvel trimestral em fevereiro, no total de empresas pesquisadas para o Icom.
No caso de companhias de bens essenciais (supermercados, farmacêuticos e combustíveis), foi de 20,7%. Isso evidencia parcela grande do varejo a perceber que a demanda por produtos no comércio poderia ser melhor, reconheceu.
Para a especialista, um dos principais fatores que podem determinar melhora no indicador, bem como das condições de consumo para comércio, é o mercado de trabalho. Caso permaneça positiva, a trajetória do emprego pode ajudar a sustentar a demanda no varejo e, por consequência, a reverter recuo no Icom nos próximos resultados. “Temos que avaliar [trajetória de emprego]. Não tem como saber se vai continuar a cair [o Icom]”, resumiu.
Fonte: Valor Econômico