Vamos supor que sua rede de supermercados abriu vagas para diversos cargos. A Luana Azevedo preenche os requisitos para frente de caixa; a Célia Santos é a melhor escolha para o cargo de coordenadora de relacionamento com clientes; e a Renata Nasched Serhal está pronta para assumir a coordenação regional de drogarias, que fazem parte do seu negócio.
Você as contrataria? Noventa e nove por cento de chances que a resposta seja sim, afinal, são profissionais competentes e estão disponíveis. Agora acrescente essas informações sobre as profissionais: Luana é transexual, Célia é negra e Renata é muçulmana. Você as contrataria? O Grupo Carrefour Brasil fez isso e está satisfeito com o trabalho de cada uma delas. Desde 2013, a operação francesa no Brasil conta com a Plataforma de Valorização da Diversidade, que visa promover a inclusão e, como o nome diz, valorizar a diversidade entre a seus colaboradores, clientes e parceiros.
Na companhia, a diversidade compreende questões relacionadas não somente à raça, mas também a orientação sexual, gênero, religião, idade, aparência, além de deficiência física. “À medida que a empresa foca as competências essenciais para os negócios e o profissional pode ser quem é, ele pode empregar 100% das suas capacidades para fazer bem seu trabalho”, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Carrefour Brasil.
Renata Nasched Serhal
é muçulmana e coordenadora regional da Drogaria Carrefour
Iniciativas como essa podem gerar benefícios para todos: sociedade, indivíduos e até para os negócios. Pesquisa da Aon, empresa especializada em gestão de riscos, aponta que as equipes com origens sociais e etnias diversas têm 45% mais chances de trazer crescimento de mercado para as empresas e 70% mais chances de conquistar novos mercados. Isso acontece principalmente por causa da empatia que se cria com o cliente. No caso do varejo, diariamente se tem contato com milhares de pessoas e com a diversidade de características que possuem. “A inclusão e a valorização da diversidade trazem muitos benefícios, mas o principal deles é cultivar a cultura do respeito a todos e todas”, afirma Pianez, do Carrefour. Mas, no mundo corporativo, a diversidade caminho devagar. “Ainda teremos que evoluir muito para o profissional ser valorizado pelo resultado que entrega e não pelo que veste, por opção sexual ou religiosa. O problema é que aprendemos desde pequenos a não pensarmos assim. Portanto, a resistência vem de casa”, afirma Felipe Carvalho, gerente de Negócios Corporativos na Thomas Case & Associados, consultoria de gestão de pessoas.
Para promover a inclusão, as empresas precisam transformar sua cultura, o que depende do engajamento da alta liderança. É no que acredita Marcelo Munerato de Almeida, CEO da Aon Brasil. “Quando essa compreensão estiver clara para os gestores, ela precisa ser amplamente comunicada aos colaboradores”, completa Almeida.
Célia Santos
é negra e coordenadora de relacionamento com clientes do Carrefour.com
É o caso do Carrefour, cujas iniciativas que promovem a diversidade tiveram aval do presidente no País, o francês Charles Desmartis. Entre as ações, foi criada uma cartilha de uso interno para orientar as lideranças sobre a melhor maneira de lidar com a diversidade. A cartilha explica desde o que é a diversidade até boas práticas e valores da companhia. Traz ainda orientações sobre como solucionar possíveis conflitos em cada um dos recortes de diversidade. “Além disso, a rede conta com um Comitê de Valorização da Diversidade que se reúne regularmente na empresa a fim de monitorar a demografia interna, acompanhar os resultados, aprimorar o que for necessário e garantir que a diversidade seja transversal em toda a companhia”, explica Pianez. Em evento realizado recentemente em São Paulo, Cibele Delbin, consultora de Responsabilidade Social e Diversidade do Carrefour, acrescentou que a empresa também pretende contratar refugiadas. Que venham mais atitudes como essas.
Luana Azevedo
é transexual e frente de caixa de hipermercado Carrefour na Grande São Paulo
45% mais chances de alcançar crescimento de mercado é o que têm as empresas que apostam na diversidade da equipe
Fonte: Pesquisa da Aon Consultoria
35% É quanto as empresas que investem em diversidade em seu quadro de funcionários podem superar financeiramente as concorrentes que ignoram a diversidade
Fonte: Pesquisa Diversity Matters da McKinsey (2015)
43% da força de trabalho mundial será formada por minorias até 2030
Fonte: Supermercado Moderno