A Inbrands, holding que de marcas como Ellus, Richards, Salinas e Tommy Hilfiger, está em negociações avançadas com debenturistas da segunda emissão para fazer um alongamento das suas dívidas. A expectativa é que os debenturistas e a companhia cheguem a um acordo no dia 14, quando está prevista a terceira reunião para solucionar o assunto.
Em fevereiro, a Inbrands teve a sua nota de classificação de risco rebaixada pela Standard & Poor’s (S&P) de brA+ para brA-. De acordo com as regras da emissão de debêntures determinadas pela companhia, a Inbrands e os debenturistas teriam que decidir se a empresa antecipa ou não o vencimento para pagamento dos títulos de 2017 para este ano.
A segunda emissão de debêntures foi feita em 2014, no valor de R$ 200 milhões, com pagamento em duas parcelas anuais, sendo que 50% seriam pagos em 30 de dezembro de 2016 e o restante, em 30 de dezembro de 2017. Essa emissão já foi realizada com o objetivo de alongar o perfil de dívida da companhia.
A Inbrands se comprometeu a pagar para esses debenturistas juros em parcelas semestrais, em março e setembro de cada ano. Os juros correspondem a 100% da variação acumulada da taxa média diária dos Depósitos Interfinanceiros de um dia (DI), “over extra grupo”, na forma percentual ao ano, base 252 dias úteis, acrescida de um “spread” de até 2,3% ao ano.
Fontes familiarizadas com as negociações disseram que a Inbrands propôs aos debenturistas, em vez de antecipar o pagamento da segunda emissão de debêntures para este ano, fazer uma rolagem da dívida com uma nova emissão de papéis, com prazos mais longos e rendimento mais alto. A empresa também negocia uma entrada de capital no negócio para melhorar seu caixa. Segundo essas fontes, a negociação está avançada e a perspectiva é que a proposta seja aceita pelos debenturistas na próxima semana. Procurada, a Inbrands afirmou que não tinha porta-voz disponível para comentar o assunto.
No ano passado, a Inbrands elevou o seu nível de endividamento e a maior parte das dívidas têm prazo de vencimento neste ano. Em 2015, a companhia apresentou uma queda no lucro líquido de 60,8%, chegando a R$ 13,3 milhões. A receita líquida encolheu 1,7%, para R$ 913,2 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 14,3% no ano, chegando a R$ 142,6 milhões.
A dívida bruta da Inbrands chegou a R$ 552,4 milhões ao fim de 2015, num avanço de 9,6% em relação a 2014. A dívida líquida aumentou 11,3% no ano passado, para R$ 458,7 milhões e passou a equivaler a 3,2 vezes o Ebitda da companhia. A holding havia estabelecido que, caso o nível de endividamento ultrapassasse 3 vezes o Ebitda, poderia fazer uma antecipação do pagamento das debêntures. Por conta disso, quase toda a dívida da Inbrands está com vencimento de curto prazo.
A companhia informou recentemente que negocia com credores uma “solução holística de rolagem de mais longo prazo da dívida”, para garantir a continuidade operacional da Inbrands. A empresa já fez reuniões com debenturistas no dia 4 de março e 5 de abril para discutir o tema. Em março deste ano, a Inbrands aprovou uma nova emissão de debêntures, no valor total de R$ 59,8 milhões, como parte do esforço para alongar o perfil do endividamento.