Planos da IMC preveem a abertura de 50 novas unidades do Frango Assado em postos Shell de rodovias nos próximos cinco anos, segundo o Valor apurou — Foto: Reprodução
Após anos ensaiando uma parceria, a Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, e a IMC, dona de marcas como Frango Assado e Pizza Hut no Brasil, fecharam ontem acordo comercial para abertura de unidades do Frango Assado em postos de rodovias da Shell. A parceria envolve ainda a migração de postos da IMC para a marca Shell. A IMC tem 19 postos com as bandeiras BR Petrobras, Ipiranga e Ale.
Há uma intensa movimentação nesse setor desde 2020, com entrada de estrangeiros e aumento de investimentos de grupos nacionais na área de varejo de postos.
O Valor apurou que o acordo entre IMC e Raízen é visto pelas empresas como os primeiros passos de uma associação que pode ter peso maior nos negócios.
A formação de uma joint venture chegou a ser discutida pelas companhias em 2013, sem avanços. Voltaram a conversar posteriormente, segundo uma fonte, e no acordo atual optaram por um passo inicial menos ambicioso.
A princípio, a inauguração de restaurantes do Frango Assado nos postos de rodovias será nas regiões Sul e Sudeste, segundo comunicado da IMC divulgado ontem. Mas o acordo deve evoluir para as demais regiões, diz fonte. Não há cláusula de exclusividade entre as partes.
A IMC não tem informado recentemente projeções anuais de inaugurações de Frango Assado, mas a última estimativa, de 2019, era de cinco lojas ao ano.
Com a parceria com a KFC na geladeira depois que os o grupo americano denunciou a IMC por descumprimento de contrato, em janeiro, aumentou a pressão sobre a empresa e o foco da IMC passou a ser Frango Assado e Pizza Hut. Nesse momento, as partes estão envolvidas num processo arbitral.
Na parceria anunciada ontem, a Raízen deve atuar aproximando a IMC dos atuais proprietários de postos para verificar se há interessados em abrir pontos do Frango Assado nesses locais. Além disso, a IMC ainda estará aberta a avaliar a compra de postos de combustível, apurou o Valor.
A IMC tinha cerca de R$ 530 milhões em caixa em setembro (45% acima de um ano atrás), valor que ganhou reforço após uma oferta de ações de R$ 380 milhões em julho. Depois da operação, alguns investidores chegaram a questionar o momento da oferta, considerando que os recursos entraram no caixa durante a crise, mas não tiveram destinação. Parte desse caixa agora pode ser usado na compras de postos, por exemplo.
A Shell não pode obrigar um acordo entre operadores e IMC, mas tem interesse na movimentação. Uma troca de comando de postos com baixo desempenho pode aumentar tráfego e melhorar a venda de combustível da Shell.
As distribuidoras vendem o combustível aos postos, que têm autonomia na política comercial e nas ações de varejo, como instalação de lojas e restaurantes.
A Shell tem cerca de mil postos em rodovias do país, que fazem parte dessa parceria. Cerca de 500 estão localizados no Sul e Sudeste. Não entraram nas tratativas os postos de cidades, operação que faz parte de uma joint venture criada entre a Oxxo, do grupo Femsa, e a Raízen, anunciada em 2019.
Fonte: Valor Econômico