O presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Carlos Jereissati, disse nesta quinta-feira que a companhia começou um trabalho interno, de reorganização das operações, diante da pandemia de coronavírus. Ele disse que a empresa está analisando as medidas anunciadas pelo governo de apoio às empresas, sem, porém, especificar a quais iniciativas se referia. Diversas medidas foram publicadas, entre elas apoio a pagamento de salários e redução de jornada.
“Acredito que todos têm conseguido se reorganizar e estabelecemos uma conversa boa com lojistas. Tem essa questão que está sendo falada da judicialização [dos contratos de aluguel] e acredito que isso será baixo”, disse em “live” promovida nesta quinta-feira pelo banco Credit Suisse, ao lado de Rubens Ometto (Cosan), Alfredo Setúbal (Itaú Unibanco) e Pedro Passos (Natura &Co).
O Valor publicou aumento na entrada de processos solicitando despejos e cobrança de multas a lojistas na Justiça de São Paulo e Rio de Janeiro, em comparação ao número do ano anterior, relativo a contratos que vinham sendo negociados antes da crise.
Há sindicatos de lojistas em alguns estados em conversas para definir sobre a entrada de ações coletivas após o início da quarentena.
Jereissati, assim como Ometto, Passos e Setúbal, mencionou os riscos de um aumento da judicialização de contratos no país. Os executivos debateram a hipótese de que isso aumente mais ainda o volume de casos parados na Justiça. Passos destacou que esse risco de judicialização é real na sociedade hoje. O presidente da Iguatemi afirmou que a empresa tem discutido a questão dos acordos de aluguel, condomínio e fundos de promoção com varejistas e que “está confiante que haverá maturidade e não haverá enxurrada de ações”.
No setor, hoje, há isenções de aluguel pelo período em que os shoppings estiverem fechados, reduções de 50% no valor e há casos de empreendimentos que preferem discutir lojista a lojista, sem uma regra geral para todos.
Ao mencionar o trabalho que o governo tem feito no atual cenário criado com a pandemia de covid-19, Jereissati afirmou que a “Economia comeu uma bola grande ao não se preparar com antecedência para essa crise que é gigantesca”.
Jereissati disse que o governo “acordou tarde para a crise porque, corretamente, olhava para as reformas” em discussão no Congresso, e criticou a falta de informações do poder público sobre o cidadão neste período de pandemia.
“Fazer com que as pessoas sobrevivam é fundamental e se percebe a fragilidade ao não conseguir chegar nas pessoas, em saber onde está quem precisa e quem são essas pessoas. É inaceitável que não se tenha capacidade de saber quem são e o que elas precisam”, disse.
Segundo ele, é preciso “sensibilidade dos gestores”, num momento em que a receita de alguns Estados caiu 30%, 40%, afirmou. “É o governo federal que pode endereçar essa questão, e é algo que ele faz, na prática, com os recursos [de impostos] da sociedade, e é a sociedade que demanda isso hoje”, diz.
Assim como Ometto, que mencionou o assunto, Jereissati disse que é preciso avançar na discussão de protocolos estaduais para a retomada das atividades, e disse que já há estados evoluindo nesse debate. “Porque quanto mais tempo ficarmos parados, maior será a necessidade de recursos do governo”.
Fonte: Valor Econômico