Além do underwear feminino, marca amplia o portfólio de olho no público masculino
Por Lara Sant’Anna
Diversificar é um verbo de ação muito presente no varejo na busca por mais público e crescimento do negócio. Nessa direção, a Hope, conhecida por sua atuação em roupas íntimas para mulheres, tem investido em novas frentes. Em 2017, iniciou na moda fitness e praia, com a Hope Resort. E agora caminha em direção a um público até então ignorado, o masculino. Com o lançamento programado junto à sazonalidade do Dia dos Pais, a linha masculina já foi responsável por garantir um crescimento histórico para o mês de agosto. Com um tíquete médio mais baixo que o das peças femininas, a projeção para o início da operação é de que ela represente entre 10% e 15% das vendas das lojas, chegando a 18% uma vez consolidada.
Com mais de um ano e meio em desenvolvimento, o primeiro teste com a linha masculina foi feito em junho, no Dia dos Namorados, com a oferta de pijamas combinando para o casal. Um sucesso, os produtos esgotaram e mostraram o potencial de mercado da novidade. De acordo com Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, o segmento de moda íntima masculina não é muito explorado. Com um número reduzido de grandes marcas ofertando o produto e o restante dentro de um varejo não especializado, os caminhos para o Grupo Hope são promissores, na avaliação dele. “A oferta é dispersa”, disse.
Também ajudam na nova linha de negócio o fato de que, apesar de atender diretamente ao público masculino, grande parte do perfil comprador das roupas são mulheres. Ou seja, ao mesmo tempo em que a empresa busca expandir seus domínios para um novo público, se fortalece com a base de compradoras que já conhece e se relaciona com a marca. “Esse movimento vai ampliar o potencial de venda para as mesmas clientes que já compram hoje”, afirmou Serrentino. “E ainda pode aumentar a frequência, o tíquete médio e virar uma venda complementar e adicional para quem já frequenta a loja.”
Para inaugurar a linha, a escolha foi por ter uma personalidade famosa na campanha, representada pelo ator e empresário Felipe Titto, e por oferecer peças de um design minimalista, com cores neutras, lisas e uma aplicação de logo discreta. Uma escolha mais segura para agradar a todas as idades. Sandra Chayo, diretora de estilo e sócia da Hope, diz que a empresa está entendendo bem os gostos do homem brasileiro. “Teremos várias novidades a partir do ano que vem”, afirmou. Neste primeiro momento, a linha está apenas nas lojas Hope. A expectativa é de que o segmento masculino também cresça na caçula do grupo, a Hope Resort. Ainda neste ano, uma coleção cápsula deve ser lançada como teste de mercado na expectativa de trazer novidades em 2023.
CRESCIMENTO Presente há 56 anos no varejo brasileiro, o Grupo Hope lançou apenas em 2015 uma segunda marca, a Bonjour Lingeries, criada para suprir o espaço deixado pela marca -mãe quando a estratégia se voltou para as franquias e shoppings. Atendendo a um perfil de consumo mais amplo, chegando até a classe C, ela representa 10% do faturamento do grupo. Com a venda em multimarcas e tendo como embaixadora Sabrina Sato, a companhia tem o atual crescimento ligado ao fortalecimento das parcerias com players do universo digital. Complementa a aposta na diversificação a Hope Resort, lançada em 2017 para “externalizar a nossa moda”, de acordo com Sandra. Essa divisão, que tem 25 lojas, já representa 10% do faturamento e possui um tíquete médio mais alto, tem potencial para ser maior do que a própria Hope, segundo a executiva.
Comemorando os resultados até aqui, a expectativa do grupo Hope é chegar próximo a 300 lojas até o final do ano. Hoje são 240. Para alcançar o objetivo, o foco é nas franquias duo, que contemplam tanto a Hope quanto a Hope Resort no mesmo espaço. Desenhadas para as ruas, elas são pensadas para cidades de até 200 mil habitantes. O modelo tem dado certo, com faturamento até 50% maior que as expectativas iniciais para o formato. O grupo também tem aumentado sua participação internacional. Em um novo passo, iniciaram em agosto as vendas por meio da Amazon dos Estados Unidos, na tentativa de aumentar a presença em um mercado maior. “A ideia é crescer nesses países com grande potencial de consumo com parceiros locais”, disse Sandra, convicta de que no guarda-roupa do grupo cabe muita novidade.
Fonte: IstoÉ Dinheiro