A operação da Havanna, a fabricante argentina de “alfajores” e chocolates, está mudando de perfil no mercado brasileiro: quiosques, cuja receita vem caindo, dão lugar a cafeterias, onde o consumidor pode sentar e gastar mais.
No ano passado, das cerca de 50 unidades que a companhia tinha no país, 70% eram quiosques e o restante, cafés. “Neste ano, menos de 40% são quiosques”, diz Renata Boock Rouchou, principal executiva da Havanna no país desde julho deste ano. Antes, Renata trabalhou na Starbucks, na Casa do Pão de Queijo e na Spoleto.
O portfólio vem mostrando produtos mais baratos como a barrinha de doce de leite, vendida por R$ 3, e o panetone de 130 g, que custava R$ 19,90 no ano passado e agora é oferecido a R$ 16,90.
A conjuntura econômica – prejudicada por uma retração do PIB de mais 8% desde o início de 2014 – é um fator importante nos ajustes feitos pela Havanna. Nos shopping centers, onde a companhia concentra seus negócios, o consumidor deixou de fazer compras por impulso – o que poderia beneficiar as vendas em quiosques instalados no meio dos corredores das lojas – e passou a concentrar os gastos em alimentação e, às vezes, uma sessão de cinema.
“O brasileiro está substituindo restaurantes caros por ‘casual dining’ e cafeterias”, diz a executiva. As cafeterias, de cerca de 70 metros quadrados, já somam 16 unidades, sendo 10 novas. A rede de livrarias Saraiva está abrigando seis delas.
Esse movimento, em direção a lojas maiores, também fez com que o perfil do franqueado mudasse, atraindo investidores com mais capital.
Renata conta que as vendas nos cafés estão crescendo a uma taxa de 15% neste ano, em relação ao ano passado, enquanto a receita nos quiosques cai. O faturamento total deve chegar a R$ 59 milhões neste ano – em 2015 ficou em R$ 55 milhões.
A crise econômica também fez com que Renata adotasse uma forte promoção em setembro e outubro. O consumidor que comprasse dois produtos ganhava um desconto de 50% no segundo item. A resposta foi positiva. “As vendas nesse período cresceram 40,86% em volume e a receita subiu 24% em relação a junho”, diz a executiva.
Ampliar a rede de cafeterias está em linha com a estratégia da matriz. A companhia, que ontem inaugurou novas instalações em Mar del Plata, com a presença do presidente da Argentina, Mauricio Macri, já obtém quase 50% de sua receita nas cafeterias. No ano passado a empresa vendeu 5 mil toneladas de produtos e faturou o equivalente a US$ 63,5 milhões, com lucro. Neste ano abriu capital na bolsa de Buenos Aires – a primeira empresa, em cinco anos – e captou US$ 11 milhões para expandir os negócios. A capacidade de produção foi ampliada de 7 mil toneladas para 11 mil.
A empresa, controlada pelos fundos DyG e Inverlat, opera em 12 países, com 220 lojas, sendo 50 no Brasil. Para 2017, a meta de Renata é faturar R$ 75 milhões e ampliar a rede no Nordeste.