A varejista Havan começou nesta semana a se reunir com gestores, em fase preliminar para sua oferta pública inicial de ações (IPO), conhecida como “non-deal roadshow”. São as primeiras apresentações sobre números e projetos da companhia, que pertence ao empresário Luciano Hang. Os planos são ambiciosos para a chegada à bolsa, conforme duas fontes que acompanharam as apresentações.
A Havan quer levantar ao menos R$ 10 bilhões e chegar à bolsa com valor de mercado de quase 12 dígitos. “A companhia quer ser avaliada em R$ 100 bilhões ou perto disso”, disse uma fonte próxima à Hang. Nesse valor, a Havan seria a segunda varejista com maior valor de mercado — atrás apenas da Magazine Luiza (que vale R$ 130 bilhões), e à frente de Lojas Americanas (R$ 62 bilhões) e valendo quase três vezes a Renner ou a Via Varejo.
A Havan já contratou os bancos Itaú BBA, com quem mantém longo relacionamento comercial, e XP Investimentos como coordenadores da oferta e conversa com ao menos outros três bancos para adicioná-los ao sindicato, apurou o Valor. Isso deve ser definido na semana que vem.
Ontem, a companhia fechou uma captação de R$ 1,5 bilhão em debêntures que foram encarteiradas pelo Itaú BBA. A emissão saiu com uma taxa de remuneração de CDI mais 2,25% ao ano e vencem em 2025.
No ano passado, a companhia faturou cerca de R$ 11 bilhões – a Lojas Americanas, por exemplo, fatura o dobro. A Havan tem argumentado com potenciais investidores sobre seu ritmo de crescimento de lucro e projeto de expansão de lojas. Atualmente são cerca de 140 lojas e o plano prevê mais de 700 em cidades com até 100 mil habitantes, apurou o Valor.
A companhia também deve aumentar os investimentos em logística, com novo centro de distribuição, planejamento que já foi citado por Hang em algumas ocasiões como relevante para a expansão geográfica da companhia. Outro desafio para a companhia seria o crescimento digital.
Com gestores surpreendidos pelos números projetados, a Havan tem comparado eventuais múltiplos com o de varejistas listadas, ainda que essas companhias tenham perfis diferentes. “Nessas projeções, o múltiplo estaria menos esticado que Renner, Americanas ou Magalu”, disse uma fonte. Para um analista de varejo ouvido pelo Valor, a estimativa inicial parece elevada comparando número de lojas, receita e rentabilidade. Com investidores, as conversas ainda não têm se aprofundado em múltiplos e ‘valuation’.
Fonte: Valor Econômico