Após dois anos de dificuldades, o empresário Luciano Hang, fundador e presidente da rede Havan, de Brusque, informa que as vendas de outubro cresceram 15% frente ao mesmo mês de 2015. Otimista com a retomada do crescimento, ele planeja acelerar investimentos no ano que vem. Destinará R$ 300 milhões para 10 novas lojas, incluindo a centésima do grupo, que será em Rio Branco, no Acre.
Qual é o plano da Havan para o ano que vem?
Nos últimos dois anos a Havan segurou os investimentos. Era para a gente chegar à centésima loja em 2015, mas optamos por reduzir despesas e deixar a empresa muito sadia financeiramente. Mas agora, depois da troca de governo, sentimos mais confiança do mercado, as nossas vendas cresceram 5% em setembro frente ao mesmo mês de 2015. E em outubro crescemos 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Devemos crescer agora, em novembro e dezembro, por volta de 15% a 20% em relação aos mesmos meses de 2015. Isso tudo está nos dando confiança para que possamos, no ano de 2017, inaugurar a centésima loja Havan.
Vocês já definiram a cidade que vai sediar a centésima loja?
Definimos que vai ser Rio Branco, no Acre. Temos o terreno comprado desde 2014, será o 15º Estado em que a Havan estará presente. É uma cidade longe. Já estamos em Porto Velho, Rondônia, com uma loja que vai muito bem e vamos inaugurar outra no mesmo Estado, na cidade de Cacoal. A próxima loja que vamos inaugurar será em Foz do Iguaçu, na sequência, abriremos outra na Grande São Paulo. Falta a gente programar mais duas cidades. Para chegar a cem, precisamos abrir mais seis lojas. Se o mercado continuar do jeito que está poderemos fazer 10 lojas no ano que vem, com investimento de R$ 300 milhões. Mas vai ser passo a passo, sentindo a melhora do mercado. A prioridade da Havan não é ultrapassar as 100 lojas, mas continuar forte e tranquila diante da situação da economia. Assim que voltar o emprego, as pessoas vão voltar a consumir. Mas já estamos sentindo uma melhora muito grande.
Esses investimentos de R$ 300 milhões serão com recursos próprios?
A Havan sempre se financia, mas usa também recursos dos seus parceiros financeiros. Nós reduzimos muito o endividamento nos dois últimos anos. Esperamos o juro baixar para investir de forma mais intensa. Com as novas lojas que vamos abrir, pensamos em gerar 2,5 mil empregos. Hoje, empregamos 10 mil.
Quantas lojas abriram durante essa crise?
Em 2014 abrimos 24, em 2015 sete e em 2016, uma loja só, em Praia Grande, na baixada santista.
Qual foi a fase mais difícil nos 30 anos de trajetória da empresa?
Já passamos por várias crises, mas a atual foi a prior porque foi uma crise econômica, política e de credibilidade. Não sabíamos o que aconteceria com o país no ano seguinte.
E para SC quais são os planos de expansão?
Temos cerca de 30 lojas no Estado e vamos voltar a investir aqui. Fomos para outros Estados, vamos continuar a abrir lojas no Brasil, mas voltaremos a dar prioridade para SC e Paraná. Vamos montar em torno de 40 novas lojas em 2017 e 2018 nesses dois Estados. Quando falo em 20 lojas, serão de 3 mil a 4 mil novos empregos em SC e o mesmo no Paraná. Estamos estudando cidades onde temos lojas e há necessidade de unidades mais perto dos nossos clientes e também em cidades menores ou cidades regionais no Estado.
Como a recessão afetou as vendas da empresa?
Nestes dois anos, aumentou muito a taxa de desemprego no país, aumentou a inadimplência, mesmo as pessoas que não perderam o emprego ficaram assustadas e se fecharam para compras. Até o aposentado ficou assustado e passou a economizar o seu dinheiro, reduzindo inclusive o passeio do final de semana, ficando mais dentro de casa e não consumindo. Mas nos últimos meses notamos que isso mudou nos finais de semana e feriados. As Havans começaram a receber um público muito grande, voltando ao mesmo nível de 2014. A nossa referência agora de compras e vendas é o patamar de 2014. Achamos que no ano de 2017 vamos volar a crescer acima de dois dígitos.
Como foram as vendas em 2015 e 2016?
Em 2015 ainda crescemos 15% em relação a 2014. Nos meses anteriores a setembro de 2016 houve quedas mensais, mas em setembro crescemos 5%, mas em outubro, novembro e dezembro vamos voltar a crescer dois dígitos em relação a 2015. Em 2016 frente a 2015, vamos ter queda nominal de 3%.
O que a Havan compra de fornecedores catarinenses?
A Havan é muito focada no têxtil. Então, praticamente toda nossa moda, a cama, mesa e banho e malharia, a grande maioria é comprada de SC. A empresa tem 10 mil colaboradores diretos e cerca de 50 mil indiretos no Brasil. Por exemplo, quem mais produz toalhas no Brasil é Brusque. Compramos nossas toalhas em Brusque. Também compramos muito de empresas de Botuverá, Guabiruba, Blumenau em todo o vale do Itajaí. Mas temos fornecedores em todo o Brasil.
O senhor está mais confiante agora, com o governo de Michel Temer?
Estou mais confiante. Este governo é pró-mercado, acredita mais no empresário, no empreendedor. A equipe econômica atual está acreditando mais no empreendedor, colocando o Brasil novamente nos trilhos. O que as pessoas em gera precisam é ter confiança. Voltando a confiança haverá mais consumo, mais investimento, mais empregos. Nós estávamos vivendo a roda da miséria, agora voltamos a viver a roda da fortuna. Eu acho que o Brasil está vivendo um novo momento e a expectativa para o próximo ano é muito positiva. Voltei a estar otimista.