Depois de ficar dois anos e meio fora do mercado brasileiro, a Kering Eyewear volta a distribuir suas marcas de luxo no país, por meio de uma parceria com a GO Eyewear, fabricante brasileira de óculos de sol e de receituário. A Kering Eyewear é a subsidiária de óculos da Kering, segunda maior empresa de luxo do mundo, atrás da LVMH.
As duas companhias fecharam um acordo de exclusividade para distribuição e venda de seis marcas de óculos da Kering Eyewear no Brasil. O contrato tem duração de cinco anos e pode ser renovado por mais cinco anos. As marcas escolhidas foram Gucci, Bottega Venetta, Saint Laurent, Puma, Alexander McQueen e Stella McCartney. As quatro primeiras marcas começam a ser distribuídas no país neste mês; as outras duas serão distribuídas a partir de 2018. A Kering possui 12 marcas de luxo e vai negociar a distribuição das outras seis com outros parceiros.
“A Kering decidiu há dois anos deixar de licenciar suas marcas e passar a fazer a venda direta no mercado internacional. Na Europa, na Ásia e na América do Norte, isso já é feito. Na América do Sul, atuamos com parceiros na distribuição no Brasil e no México”, afirmou Fabio Ferracane, diretor de vendas da Kering Eyewear para América Latina. O executivo acrescentou que escolheu a GO Eyewear porque considerou a empresa a “melhor opção para fazer uma distribuição seletiva das marcas”.
As marcas da Kering eram distribuídas no Brasil antes pela Safilo, mas as duas companhias encerraram, em janeiro de 2015, a parceria global que tinham para distribuição e venda. De acordo com dados da Euromonitor International, em 2015, a Kering detinha no Brasil 2,1% de participação no mercado de óculos de luxo, com as marcas Gucci (1,1%), Saint Laurent (0,8%), Bottega Venetta (0,1%) e Alexander McQueen (0,1%). Essa participação equivale a uma receita de R$ 60,8 milhões. A Euromonitor ainda não fechou os dados de participação de mercado de 2016.
Ferracane disse que, após o fim do contrato com a Safilo, as marcas da Kering ficaram fora do país por mais de dois anos. A expectativa é ter uma aceleração das vendas com o novo parceiro.
Joyci Lin, presidente da GO Eyewear, disse que a companhia vai levar as marcas da Kering para aproximadamente 1 mil pontos de venda. A GO Eyewear vende armações e lentes para cerca de 12 mil pontos de vendas no país. “Escolhemos óticas que fazem um trabalho diferenciado com marcas de luxo. A vantagem é que todas essas óticas já estão na nossa carteira de clientes”, afirmou Joyci.
A GO Eyewear já fazia no Brasil a distribuição de armações da Cartier. Em março, a Kering fechou acordo com a Maison Cartier — controlada pela Compagnie Financière Richemont —, para fazer a distribuição global das linhas de óculos da Cartier. “A parceria vai encorpar nossa atuação no segmento luxo, que antes estava restrito à Cartier”, afirmou Joyci. A GO Eyewear tem em seu portfólio marcas como Ana Hickmann, Evoke, T-Charge, Atitude e Speedo.
Joyci disse que a empresa sofreu retração nas vendas da categoria luxo em 2016, mas não citou um número específico. “A categoria de luxo teve uma retração, assim como todos os setores sofreram o impacto da recessão. Em 2017 houve uma retomada do consumo. Mas os consumidores estão adotando um consumo mais consciente, com menos ostentação do que no passado”, afirmou.
De acordo com a Euromonitor, o mercado de óculos de luxo cresceu 5,1% em receita no ano passado, chegando a R$ 3,04 bilhões. Para 2017 a previsão e de um aumento de 0,7%, para R$ 3,06 bilhões.
Joyci disse que as vendas totais da GO Eyewear cresceram 25% em volume no primeiro semestre. O mercado de óculos e lentes, segundo a Euromonitor, avançará 1,4% no Brasil neste ano, chegando a R$ 15,43 bilhões.
Ferracane também não quis divulgar a meta de vendas no Brasil em 2017 e nos próximos anos. Ele disse que, globalmente, a Kering Eyewear pretende se tornar a terceira maior empresas do setor óptico em receita até 2020. A companhia é a oitava colocada nesse mercado, tendo registrado no primeiro semestre do ano uma receita de € 162 milhões, com crescimento de 54%.
O executivo estima que, no ano, a Kering Eyewear atingirá receita de € 350 milhões, passando para a quinta colocação no mercado óptico. A Kering Eyewear ficaria atrás de Luxottica, que tem 27,2% de participação de mercado, Johnson & Johnson (3,9%), Safilo (2,7%) e Hoya (3,2%).
Em fevereiro de 2017, a LVMH resolveu seguir o mesmo caminho da Kering. O grupo encerrou o contrato de licenciamento global que tinha com a Safilo e formou uma joint venture com o grupo italiano Marcolin, para fazer a venda de seus óculos no mundo. O licenciamento gerava por ano à LVMH receita de € 366 milhões.
Fonte: Valor Econômico