Com foco no médio e longo prazo, grandes grupos estrangeiros presentes no Brasil mantêm suas estratégias de investimentos no país. Em abril, a Ancar Ivanhoe – parceria entre a Ancar, empresa pioneira no mercado brasileiro de shopping centers, criada em 1972, e o fundo de investimentos canadense Ivanhoe Cambridge – inaugurou o shopping Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Em julho, a israelense Gazit-Globe se desfez de parte de suas ações no BR Malls e usou os recursos para comprar o edifício Top Center, em São Paulo. A operação envolveu pouco mais de R$ 150 milhões o edifício Top Center, empreendimento imobiliário de uso misto, localizado na avenida Paulista, é formado por centro comercial, edifício de escritórios e estacionamento.
A aposta no Brasil é também de redes que operam marcas de restaurantes, como a Bloomin’Brands, que lançou há duas décadas o primeiro restaurante Outback no Brasil e nesse ano diversificou seu portfólio com o lançamento de duas novas marcas: a Abbraccio, rede de restaurantes italianos, e a Flemming’s Steakhouse and Wine, com foco em carne e vinho e com um tíquete médio mais elevado.
Neste ano, a Abbraccio inaugurou seus primeiros pontos em diversos shoppings, como os shoppings Vila Olímpia e Market Place, em São Paulo, e Park Shopping e o Shopping Iguatemi, em Brasília. “Abrimos dois pontos em Brasília com filas de espera de clientes, uma surpresa bem positiva”, diz Salim Maroun, presidente do grupo Bloomin’ Brands no Brasil e há 27 anos no país. A desaceleração econômica não impediu a diversificação do portfólio.
Para ele, o Brasil dispõe de trunfos para se investir na área de restauração. Primeiro, a reação da economia brasileira é rápida em momentos de crise. Segundo, o país é grande produtor de grãos, carnes, açúcar, legumes e frutas. Terceiro, os jovens brasileiros são ótimos para trabalhar. “Em alguns postos de gerência, nunca perdi um empregado em 20 anos de Outback no Brasil, e a proximidade da matéria-prima nos dá uma facilidade que outros emergentes, como Rússia, Índia e China não possuem”, destaca o executivo.
A conjuntura atual, que combina queda do ritmo da economia e alta de custos, tem feito a Bloomin’ Brands reforçar ações de produtividade. Na rede Outback, presente em 37 cidades, 14 Estados brasileiros e Distrito Federal, a receita tem sido replicar ensinamentos usados pela marca nos Estados Unidos durante a crise financeira de 2008. O consumo de água é mensurado diariamente. Se um restaurante que recebe 1.400 clientes por dia consome 23 metros cúbicos de água em um dia, o gestor já avalia que está fora da média de 18 metros cúbicos diários. Em energia elétrica, os colaboradores são conscientizados a usar equipamentos elétricos e a gás quando realmente for necessário.
Recentemente, foi aberto o primeiro restaurante Flemings, cujo foco é vinho e carne premium. São oferecidos 400 rótulos, sendo que 100 são oferecidos em taças, enquanto a carne foi desenvolvida especialmente para a marca. “O mercado de vinho se abriu no Brasil nos últimos dez anos, com mais rótulos e o consumo está maior entre as pessoas, o que permite que valorizemos o produto no restaurante”, afirma. O gosto do brasileiro também tem ficado mais exigente, o que abre espaço para oferta de carne premium.