Por André Jankavski | O Grupo Mateus acaba de reportar mais um trimestre de forte crescimento nas vendas – e com um ‘same-store sales’ acima das expectativas do mercado.
As vendas no conceito ‘mesmas lojas’ subiram 8,8% no quarto tri – a média das expectativas era de 7%. Já a receita líquida da maior varejista do Norte e Nordeste avançou 24,4% para R$ 7,5 bilhões, em linha com o consenso Refinitiv.
Os principais concorrentes do Mateus na B3 tiveram desempenhos inferiores no same-store sales: o Assaí teve uma alta de 2,9%, e o Carrefour sofreu queda de 1,8% no cash & carry.
No acumulado de 2023, o Grupo Mateus teve uma receita líquida de R$ 26,7 bilhões (alta de 23%) e um SSS de 8,5%.
O EBITDA ajustado, com uma alta de 18,9% para R$ 561 milhões, também ficou acima do consenso de R$ 498 milhões. A margem EBITDA avançou 1,2 ponto para 7,5%.
O lucro líquido subiu 25% para R$ 388 milhões, acima do consenso que era de R$ 311 milhões. No ano, a última linha avançou 16% e ficou em R$ 1,2 bilhão.
O fundador e chairman Ilson Mateus disse ao Brazil Journal que seu modelo de negócios – um atacarejo repleto de serviços (desde padaria e açougue até sushi) – vem se provando acertado e trazendo mais consistência aos resultados.
“O mercado parou de pensar que um atacarejo com uma lanchonete e uma peixaria era um negócio de outro mundo,” disse. “Agora, até os concorrentes que não acreditavam nesse modelo começaram a fazer.”
Outro ponto muito cobrado por analistas, o ciclo de conversão de caixa da empresa – que considera recebíveis, estoque e fornecedores – reduziu em três dias em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação trimestre a trimestre, a queda foi de nove dias.
O CFO Túlio Queiroz disse que a melhora é resultado de um trabalho realizado nos últimos dois anos, e que a tendência é que os números sigam melhorando.
“Não temos um número específico para 2024, mas a ideia é manter a consistência no aumento da eficiência,” disse.
Com 28 aberturas em 2023 e uma alavancagem de 0,3x, Túlio diz que o ritmo de inaugurações de novas lojas vai se manter “na mesma intensidade” – em um momento em que as concorrentes pisam um pouco mais no freio.
O foco continuará sendo na Regional Nordeste (que exclui as lojas no Maranhão, Piauí e no Pará) e na bandeira de atacarejo Mix Mateus – e a expansão não deve afetar as margens, segundo Túlio.
Segundo ele, as aberturas estão conseguindo entregar resultados mais rápido do que o esperado. O EBITDA das lojas da nova regional com mais de 13 meses, por exemplo, de operação subiu 1,4 ponto para 6,8%.
Hoje a regional Nordeste representa 20% do faturamento do grupo, um aumento de 10 pontos em relação a 2022.
Ao mesmo tempo que segue focada no atacarejo, o Grupo Mateus vem explorando novas linhas de negócio. No fim do ano, a varejista iniciou um projeto-piloto em petshops e também iniciou uma operação de lojas em condomínios.
“Estamos testando vários formatos e modelos que não expusemos ainda e são serviços que podem nos ajudar muito no equilíbrio da margem,” disse Mateus.
A ação do Grupo Mateus sobe 53% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 17,3 bilhões na B3.
Fonte: Brazil Journal